O Banco Central confirmou as apostas e elevou nesta quarta-feira (21) a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 12,25% ao ano. As projeções dos economistas estavam entre aumento de 0,25 e de 0,50 ponto percentual.
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A alta de 0,50 ponto percentual era a aposta de 56 dos 60 economistas ouvidos em pesquisa da Bloomberg. Quatro viam um aumento mais modesto, de 0,25 ponto percentual.
A inflação resistente, que deve ganhar força com os reajustes em transporte, combustíveis e energia autorizados no início deste ano, é citada como o principal balizador para a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária).
O IPCA (índice oficial de inflação) encerrou o ano de 2014 com avanço de 6,41%, bem próximo do teto da meta do governo, que é de 6,5%.
O último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (19), mostrou que a perspectiva de alta do IPCA neste ano subiu pela terceira semana seguida, passando a 6,67%. Isso deixaria a inflação acima da meta do governo, de 4,5% com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos. Para 2016, a projeção permaneceu em 5,70%.
"Apesar de o colegiado estar olhando para 2016 e aceitando uma maior inflação corrente, é importante perceber que a batalha contra as salgada expectativas de inflação está longe de ser vencida e passa por combater com ações efetivas os choques atuais, que encontram na perda de credibilidade da autoridade monetária e no pleno emprego ambiente propício para gerar os chamados efeitos de segunda ordem", afirma o banco Pine em relatório.
Para Nicolas Tingas, economista-chefe da Acrefi (que reúne instituições de crédito e financeiras), a alta foi compatível com o que o mercado esperava. "O Banco Central não quer trazer a inflação para a meta este ano. Apenas sinalizar ao mercado que está observando o aumento de preços e também impedir que a economia desacelere mais", afirma.
PIB
A atividade econômica enfraquecida deve fazer com que o BC seja mais comedido com aumentos da Selic este ano, avalia o economista-chefe da SulAmérica Newton Rosa.
Para ele, o atual ciclo de alta dos juros não deve se prolongar, diante da promessa do governo de uma política fiscal mais contracionista ao lado de uma desaceleração econômica.
No terceiro trimestre do ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 0,1%, abaixo das expectativas.
E o baixo crescimento deve se manter em 2015. De acordo com o Focus, a estimativa para a expansão do PIB neste ano é de 0,38%. A indústria continua sendo um peso sobre a atividade em geral, com a projeção de expansão neste ano recuando a 0,71%, contra 1,02% anteriormente.
A expectativa é de que a economia melhore em 2016, com crescimento de 1,80%, de acordo com o Focus.
Para Rosa, os dados preocupantes sobre a fraca atividade econômica do país devem fazer com que o BC encerre o ciclo de aperto monetário nesta reunião.
Outros economistas, porém, veem mais um aumento da Selic na reunião de março. Patrícia Krause, economista-chefe da Coface para a América Latina, acredita que o Copom deve elevar a taxa básica em 0,25 ponto percentual em março, o que deixaria o juro em 12,5% ao ano.
Segundo ela, a desaceleração econômica pela qual o país passa impede que a Selic termine o ano em 13%. "Há toda uma preocupação com racionamento de energia, que vai acabar afetando o crescimento econômico", diz.