O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), cardeal Raymundo Damasceno, afirmou nesta quinta-feira (5) que o escândalo de corrupção na Petrobras gerou um "mal estar" no país e defendeu que os culpados no episódio sejam de fato punidos.
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"Eu acho que a sociedade, de um modo geral, está experimentando esse mal estar do ponto de vista ético, moral. (...) É importante não só apontar a corrupção, mas também buscar oferecer propostas", disse ele, em referência a projeto de reforma política defendido pela conferência em parceria com outras entidades, como a OAB.
Damasceno ponderou ainda que a impunidade é um dos fatores que estimula a corrupção no país, daí a necessidade de penalizar os envolvidos. Na manhã de hoje, a Polícia Federal deflagrou uma nova fase da Operação Lavo Jato, que investiga irregularidades na estatal.
"O Judiciário é importante nessa questão, para que as denúncias sejam verificadas e se faça um processo para se determinar culpa ou não. E que os culpados sejam punidos." Para o presidente da CNBB, é preciso aprovar uma reforma política e abordar temas como financiamento público de campanha e maior participação de mulheres na política.
Ele ainda criticou o número elevado de partidos políticos no país. "Vivemos hoje com tantos partidos e muitas vezes sem programas. Não há preocupação com o bem comum, mas com interesses pessoais, grupos."
CRISE HÍDRICA
Arcebispo de Aparecida, o cardeal também comentou a crise hídrica no país. Para ele, diversos fatores resultaram no atual cenário, desde as "condições climáticas desfavoráveis" até o "elemento da gestão, do planejamento a longo prazo".
"O uso mais racional da água é fundamental", disse em coletiva de imprensa. "Temos falado muito dos reservatórios, mas não muito das nascentes e dos rios", ponderou Leonardo Steiner, secretário-geral da entidade.