A crise no setor elétrico tem exigido que indústria e comerciantes busquem alternativas para evitar problemas de abastecimento de energia. De acordo com entidades que representam os fabricantes de geradores de energia, a demanda pelos equipamentos aumentou em relação à do primeiro trimestre do ano passado.
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Segundo a Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Indústrias), o número de consultas sobre geradores aumentou 40% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Já o número de vendas efetivas subiu 12%.
"O que temos para os próximos meses em termos de soluções para a crise de energia? Nós temos as fontes eólicas, mas elas ainda não estão conectadas às redes de energia. Então, a médio e curto prazos, não temos nada melhor do que os geradores", diz o presidente da Câmara Setorial de Motores e Grupos Geradores da Abimaq, Reinaldo Sarquez.
Empresários do setor dizem que a procura por geradores aumentou após o ministro Eduardo Braga (Energia) defender o uso de geradores próprios por grandes consumidores de energia para aliviar a pressão sobre o sistema elétrico.
A defesa de Braga pelo uso de geradores foi feita depois de 11 Estados e o DF terem sofrido apagão em janeiro, desencadeado por pico de consumo e falha no sistema de transmissão de energia.
Já o nível dos reservatórios que abastecem as regiões Sudeste/Centro-Oeste continua baixo para essa época do ano, apesar das chuvas dos últimos meses. Especialistas do setor de energia afirmam que a possibilidade do racionamento existe, e que ela não é remota.
Eventual racionamento e falhas no sistema de transmissão provocariam prejuízos financeiros para a indústria e comércio, com a perda de produtos estocados ou a paralisação de máquinas.
"Existem empresas, principalmente no setor químico, que não podem parar. Seria uma grande perda. Imagine também um supermercado, que tem alimentos perecíveis como a carne. Há necessidade de um equipamento que evite a perda do produto", afirma Sarquez.
A Stemac, uma das líderes no setor de geradores, viu a procura pelo equipamento aumentar 60% em relação à do ano passado. Agora, a empresa espera aumento de cerca de 20% do número de compras.
AUTOGERADORES
Com a crise de energia, o Ministério de Minas e Energia autorizou as distribuidoras de energia elétrica a comprarem energia excedente de autogeradores, como shoppings e indústrias.
Segundo o diretor-presidente da ABCE (Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica), Alexei Vivan, no entanto, a indústria não tem tido interesse em comprar geradores para produzir energia excedente. Para ele, os geradores dificilmente atendem toda a demanda de uma grande indústria.
De acordo com Alexei, a maior parte das indústria usa o gerador como proteção para eventuais interrupções ou falta de energia.
"Em todo período em que há risco de racionamento ou preocupação em relação a possibilidade do sistema elétrico atender a toda a demanda, há uma tendência natural das empresas se protegerem, comprando geradores. Então como estamos entrando no período sem chuva, aumenta a preocupação das indústrias em relação as disponibilidades energéticas e há tendência de maior procura por geradores", diz Alexei Vivan.