A taxa média de juros do crédito ao consumo ficou em 54,3% ao ano em fevereiro, o maior patamar da série histórica iniciada em março de 2011, informou nesta quarta-feira (25) o Banco Central. Em fevereiro do ano passado, a taxa estava em 47,9%.
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Os juros cobrados pelos bancos no cartão de crédito chegaram a 342,2% ao ano, na modalidade mais cara, chamada crédito rotativo. Essa modalidade tem origem quando o consumidor deixa de pagar toda a fatura. Em fevereiro de 2014, essa taxa estava em 315,1%.
No cartão de crédito parcelado, os juros chegaram a 112,6% ao ano.
No cheque especial, os juros subiram de forma expressiva. Em fevereiro do ano passado, estavam em 156,7% e saltaram para 214,2% ao ano, a maior taxa de juros dessa modalidade desde março de 1996.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a elevação das taxas de juros reflete o atual ciclo de aperto monetário. De outubro para cá, o BC elevou em 1,75 ponto percentual a taxa básica de juros, a Selic, que agora está em 12,75% ao ano.
CONSUMO
A elevação do custo do crédito e outros fatores, como o menor crescimento da economia, têm desmotivado as famílias a se endividarem, afirmou Maciel.
Segundo os dados do Banco Central, o estoque de crédito livre (sem finalidade específica) para pessoas físicas caiu 0,3% em fevereiro em relação a janeiro, somando R$ 784,1 bilhões.
O caso mais emblemático é o de crédito para compra de carros, que caiu 5,2% nos últimos 12 meses, chegando a R$ 181,9 bilhões em fevereiro.
As famílias também recorreram menos ao cartão de crédito à vista em fevereiro. O saldo dessa modalidade chegou a R$ 111,5 bilhões, depois de queda de 6,4% em relação a janeiro.
De acordo com Maciel, a tendência de moderação no crédito ao consumo não é recente, vem desde o final de 2013, e se explica também pelo maior comprometimento da renda das famílias com crédito imobiliário, que cresceu 26,7% nos últimos 12 meses.
ESTOQUE
Dentro de um cenário de inadimplência estável, o volume de crédito ofertado pelos bancos, tanto para pessoas físicas como para empresas, avançou 0,5% em fevereiro em relação a janeiro, totalizando R$ 3 trilhões, o equivalente a 58,6% do PIB (Produto Interno Bruto).
As operações com taxa de juros e recursos livres aumentaram 0,1% no mês e cresceram 5,2% em 12 meses, somando R$ 1,5 trilhão.
O crédito com recursos controlados e subsidiados avançou 0,8% no mês, e 18,1% em 12 meses.
A inadimplência para pessoas físicas com taxas de mercado, que estava em 3,7% em janeiro, subiu para 3,8% em fevereiro.
PROJEÇÕES
O Banco Central revisou para baixo a estimativa de crescimento do crédito para o ano, tendo em vista o comportamento da atividade econômica e a demanda por crédito. Se em dezembro contava com incremento de 12% no crédito total, agora o BC prevê aumento de 11%.