Os mercados iniciaram o mês de abril com um forte otimismo, atribuído ao depoimento do ministro Joaquim Levy (Fazenda) no Senado e à entrevista da presidente Dilma Rousseff à agência de notícias Bloomberg. Na entrevista, a presidente afirma que governo prepara um "grande corte" nos gastos.
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No primeiro dia do mês, o dólar fechou em baixa. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, caiu 1,41%, para R$ 3,158. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve desvalorização de 0,56%, para R$ 3,174. Foi o primeiro dia sem intervenções do Banco Central no mercado cambial, por meio da oferta de contratos de swaps cambiais (que equivalem a uma venda futura de dólares).
A Bolsa fechou com alta de 2,29%, para 52.321 pontos, no maior patamar em quatro meses.
As sete horas de audiência de Levy na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado renderam avanços para o governo, de acordo com analistas ouvidos pela reportagem.
O ministro conseguiu convencer os senadores a incluir a proposta do governo para a renegociação da dívida de Estados e municípios com a União no texto que tramita no Senado.
"Isso é bem visto porque Levy é o avalista do processo que poderá tirar o Brasil desse ostracismo que ele está agora", afirma Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest.
Mesmo com o deficit recorde nas contas do Tesouro em fevereiro, a avaliação do mercado é que Levy está tentando fazer os ajustes necessários para alcançar a meta de poupar 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) para pagar os juros da dívida pública.
No mesmo dia, a presidente Dilma Rousseff afirmou em entrevista à Bloomberg que o governo está comprometido com o corte de gastos.
"O Levy se mostrou como articulador dos ajustes fiscais, enquanto a Dilma enfatizou o apoio ao ajuste fiscal, com o apelo por um contingenciamento forte das despesas", avalia Maurício Nakahodo, economista do Banco de Tokyo-Mitsubishi.
EXTERIOR
Dados econômicos ruins nos Estados Unidos também fizeram o dólar perder força frente às principais divisas emergentes. Das 24 principais moedas de países emergentes, 19 se valorizaram em relação ao dólar.
No setor privado, os EUA criaram 189 mil postos de trabalho no mês passado, abaixo das expectativas de economistas e o menor nível desde janeiro de 2014, segundo relatório da processadora de folhas de pagamento ADP divulgado nesta quarta-feira.
Além disso, o ritmo de crescimento da indústria do país caiu em março ao patamar mais lento em quase dois anos, pressionado pela desaceleração nos ganhos em novas encomendas e criação de vagas estagnada, de acordo com relatório do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês).
Dados de setores industriais e de serviços da China mostraram que o crescimento no país ainda está fraco, ampliando as apostas de que o governo chinês terá que adotar mais medidas de suporte para evitar uma forte desaceleração.
BOLSA
Os dados ruins de China pesaram sobre a Vale. Os papéis preferenciais da mineradora tiveram queda de 2,85%, para R$ 15,01. As ações ordinárias caíram 2,23%, para R$ 17,54.
As ações da Petrobras subiram nesta quarta e fecharam acima do patamar de R$ 10. Também impulsionou as ações a declaração da presidente Dilma afirmando que a estatal soltará seu balanço auditado neste mês. Os papéis preferenciais da petrolífera, os mais negociados e sem direito a voto, tiveram alta de 4,93%, para R$ 10,21. As ações ordinárias, com direito a voto, subiram 5,22%, para R$ 10,08.
Os papéis preferenciais da Oi subiram 15,98%, para R$ 5,95, e as ações ordinárias dispararam 19,46%, para R$ 6,14, após acionistas da Telemar aprovarem proposta de conversão de ações da companhia de telecomunicações.