A agência de avaliação de risco Moody's, que no final de fevereiro retirou da Petrobras o selo de bom pagador (grau de investimento), divulgou nota nesta terça (21) dizendo que a publicação do balanço da estatal antes do final de abril é um evento positivo.
Leia Também
A companhia anunciou que deve divulgar seu documento contábil ao conselho de administração nesta quarta (22).
Considerada uma das mais austeras em suas avaliações, a agência havia atribuído a queda da nota da companhia à dificuldade de a empresa conseguir publicar o balanço auditado, à dificuldade de levantar dinheiro no mercado de capitais e ao impacto disso no caixa da estatal.
Sem balanço auditado, a estatal não conseguia levantar recursos no mercado de capitais.
As notas dadas pelas agências de avaliação de riscos são usadas para balizar as decisões de investidores. Alguns fundos, que costumam investir grandes quantias em ações, possuem regulamentos que os proíbem de manter recursos em empresas sem o grau de investimento.
A SAGA CONTINUA
Embora veja a publicação do balanço como um fato promissor, a agência afirma que "os efeitos da saga da Petrobras devem perdurar, ainda que menos agudos, com o foco mudando para a possibilidade de longas disputas judiciais com investidores e com o declínio da atividade em toda a cadeia de suprimento de óleo e gás".
Para a Moody's, o impacto da crise da Petrobras na economia brasileira é um dos motivos para a previsão de que o PIB do país vai encolher neste ano.
"Além disso, o alcance total das investigações sobre corrupção continua uma incógnita e há indícios de que outras empresas públicas -como Caixa e Eletrobras- também possam estar envolvidas em escândalos semelhantes, embora de menores proporções", afirma a nota.
Por isso, afirma a agência, não se vê no horizonte o fim da incerteza sobre os rumos da "saga da Petrobras".
As investigações sobre corrupção na companhia atrasaram a divulgação de dois documentos contábeis: o balanço auditado do terceiro trimestre, que deveria ter sido publicado em novembro, e o balanço auditado do ano de 2014, cujo prazo da CVM venceu há 22 dias.
Caso não divulgasse as informações auditadas até o final deste mês, a Petrobras abriria espaço para que credores pedissem o pagamento antecipado de dívidas, o que agravaria ainda mais a situação financeira da companhia, cuja dívida líquida é de R$ 300 bilhões.
NOTA DO PAÍS
Segundo a Moody´s, a publicação do balanço antes do final de abril "é positiva para o crédito do Brasil porque pode prevenir um cenário em que o Tesouro fosse obrigado a socorrem a empresa, prejudicando as contas públicas do país".
Segundo a agência, a nota de risco do país continuará tendo como principal condicionante os esforços do governo para reduzir o endividamento (o chamado ajuste fiscal, com corte de gastos e aumento de arrecadação) e não deve ser afetada pelas notas da estatal.