FINANÇAS

5 dificuldades que estragam o sonho da casa própria este ano

Aperto no crédito, juros mais altos e você mais pobre, por exemplo

Emídia Felipe
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Emídia Felipe
Publicado em 03/05/2015 às 8:56
Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Aperto no crédito, juros mais altos e você mais pobre, por exemplo - FOTO: Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
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A decisão de comprar um imóvel nunca foi fácil nem rápida. Mas em um ano como este, com a instabilidade econômica tirando o sono de consumidores e empresários, o desafio é maior. Com ajuda de dados de mercado, da economista Amanda Aires e do diretor da Multinvest, Osvaldo Luiz Moraes, nós listamos as principais barreiras para realizar o sonho da casa própria em 2015.


1) O dinheiro está mais caro

O governo quer controlar a inflação aumentando os juros e isso causa o famoso "efeito dominó": a Caixa Econômica Federal aumentou os juros de suas linhas de crédito duas vezes este ano e os outros bancos (adivinha) correm atrás. Para se ter uma ideia, a menor taxa era 8% no fim do ano passado, destinada a servidores públicos com relacionamento com o banco e conta com recebimento de salário. Agora, esse percentual está em 8,8%. Pode parecer pouco, mas, segundo estimativas do Canal do Crédito, a diferença no fim do financiamento pode chegar a R$ 63 mil dentro do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Se for no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), pode bater os R$ 113 mil (!!!), de acordo com cálculos da Proteste .


2) Os bancos estão cabreiros

Além dos juros, os bancos estão mais desconfiados: será que o povo vai ter dinheiro pra pagar? Isso afeta as condições dos financiamentos. A partir de segunda-feira (4), a Caixa só emprestará 50% do valor dos usados dentro do SFH (imóveis até R$ 650 mil) e 40% no SFI. Antes, esses percentuais eram de 80% e 70%. Isso pode até facilitar o pagamento do crédito, porque diminui o valor do empréstimo, mas requer um esforço muito maior de poupança - que, definitivamente, não é o forte dos brasileiros. Por exemplo, para um imóvel usado de R$ 400 mil, antes o valor de entrada (pelo SFH) era de R$ 80 mil; a partir de segunda-feira será R$ 100 mil. Especialistas do Núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) apontam que as mudanças podem retardar a compra em até 12 anos (!!!).


3) Não tá fácil nem pra usado, nem pra novo

Com esse contexto, fica mais complicado vender um imóvel seminovo. E isso não afeta apenas esse mercado de usados. Muitos dos imóveis novos são comprados por famílias que querem um lugar maior e/ou mais confortável; e boa parte dos recursos são da venda da casa ou apartamento onde moram. Outro fator é que o brasileiro sempre teve uma relação de #apego com os imóveis, investimento tradicional e conservador. Com o cenário financeiro adverso, a tendência é que o conservadorismo aumente e os proprietários segurem o patrimônio até o risco de desvalorização diminuir.


4) Os preços não estão tão bons assim

A lógica de mercado diz que quanto maior a oferta, maior a possibilidade de preços mais competitivos. E a oferta está grande. Considerando somente os imóveis novos na Região Metropolitana do Recife, o acúmulo de unidades disponíveis aumentou 21,6% no fechamento de 2014, como indica o Índice de Velocidade de Vendas (IVV), medido pela Fiepe. Esse é um dos fatores que fizeram os preços pararem de subir acima da inflação. Segundo o índice Fipezap, que considera anúncios de novos e usados feitos nos classificados Zap, no primeiro semestre do ano passado, o encarecimento no Recife chegou a 17%, quando a inflação oficial (IPCA) atingiu o máximo de 6,5%. Nos últimos meses, porém, o movimento inverteu: enquanto a inflação avança, o ritmo de alta nos preços cai: o valor médio cobrado pelos imóveis aumentou 4,11% em março, contra 8,12% do IPCA. Entretanto, o Recife ainda tem um dos metros quadrados mais caros do País: R$ 5.869, o quinto mais alto num ranking de 20 cidades medidas pelo Fipezap e o maior entre as nordestinas.


5) O arrocho econômico reduz a renda

Todos esses fatores se somam à renda mais curta. De um lado, a inflação corroi o poder de compra; de outro, a instabilidade econômica segura os investimentos das empresas e incentiva a redução de custos, incluindo demissões. Há, ainda, o aumento de tributos e da inadimplência do consumidor. Ou seja, todo mundo (ou pelo menos a maioria) acaba ficando um pouco mais pobre.


Maaaassss, se você está disposto a comprar seu imóvel apesar das dificuldades, a dica é: NEGOCIE! Com a demanda menor, os vendedores - construtoras ou pessoas físicas - estarão mais dispostos a flexibilizar condições de pagamento e dar descontos.

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