A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, disse nesta terça-feira (5), em Brasília, que a resistência de setores do agronegócio à abertura de mercados é um entrave para que o Brasil assine novos acordos bilaterais de livre comércio. A ministra chegou a comparar os oito acordos bilaterais assinados pelo Brasil aos 48 assinados pelos membros da Aliança do Pacífico (Peru, Colômbia, Chile e México) para afirmar que “em comparação com outros blocos econômicos, o Mercosul se encontra em uma situação inferiorizada”.
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“Existem [no Brasil] alguns setores, algumas corporações, que resistem à abertura dos mercados devido ao protecionismo de décadas. Temos que superar isso. Os grupos lutarem para manter suas subvenções é legítimo, mas cabe ao Poder Público e a grande parte dos brasileiros reagir ao protecionismo e defender os interesses brasileiros”, declarou a ministra, acrescentando que as negociações com outros países tende a favorecer a economia, os empregos, as exportações e a balança comercial nacional.
Segundo a ministra, a União Europeia é o alvo de interesse brasileiro. Além disso, há uma grande expectativa quanto ao início das vendas de carne in natura para os Estados Unidos.
“Os norte-americanos já nos prometeram os primeiros negócios para agosto deste ano. Estamos fazendo nossa parte. O Ministério da Agricultura está lutando contra o tempo, fazendo o dever de casa. Esperamos que até o final de maio, início de junho, tudo esteja superado e que possamos fazer os primeiros negócios”, disse a ministra.
Esta manhã, Kátia Abreu se reuniu com representantes de sete países-membros do Mercosul (que é composto pela Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, além do Brasil) e da Aliança do Pacífico (Peru, Colômbia, Chile e México) para discutir estratégias de negociação de acordos comerciais e harmonizar as normas sanitárias e fitossanitárias. Bolívia, Colômbia e Peru não enviaram representantes ao encontro.
Após o fim da conversa, a ministra destacou a importância de unificar as exigências sanitárias e reduzir a burocracia para facilitar o comércio de produtos agropecuários. “Se os processos sanitários e fitossanitários de países vizinhos forem harmonizados, as exportações e as importações fluirão com mais velocidade e sem perder a qualidade. A burocracia não pode impedir o comércio”. Cada país terá agora 20 dias para indicar seus representantes no grupo de trabalho que discutirá o assunto. Paralelamente, há a intenção de, em outubro, fazer uma reunião mais ampla, com representantes de todos os países das Américas.
A ministra confirmou o lançamento, nesta quarta-feira (6), do Plano Nacional de Defesa Agropecuária. “Será a primeira etapa de um plano de estratégias, um avanço na defesa do setor agropecuário. Inclusive com ponto já efetivamente modificados”, disse Kátia Abreu, sem adiantar novos aspectos do plano.