Quando o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) comentou pela primeira vez a possibilidade de racionamento de energia no país, em janeiro deste ano, ele afirmou que medida só seria decretada caso os reservatórios atingissem o "nível prudencial" de 10%. Agora, alcançar os 10% tornou-se meta.
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Exatamente como calculado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o período chuvoso, terminado em abril, foi encerrado com nível médio de abastecimento dos reservatórios nas regiões Sudeste/Centro-Oeste em 33%.
A quantidade é tida pelo Operador como suficiente para que em novembro, ou seja, atravessado o período seco, os reservatórios estejam abastecidos em, no mínimo, 10% de sua capacidade.
Especialistas ouvidos pela reportagem explicam que essa conta, tão justa, e já no limite do racionamento, como frisou o ministro, torna o sistema extremamente dependente do próximo período de chuvas.
Algumas medidas emergenciais já construídas, como a importação de eletricidade de países vizinhos e a contratação do excedente de geradores de shoppings podem ajudar o sistema.
Além disso, o tarifaço, que desencorajou brasileiros a ligar o ar condicionado, também foi positivo para tirar parte da pressão sobre os reservatórios.
"Nós nunca passamos por isso, chegar ao fim do período seco em 10%. É um risco, mas nós dependemos das próximas gotas que vão cair", disse João Carlos Mello, presidente da consultora Thymos Energia.
Ainda neste mês de maio, que abriu o período seco, houve um pequeno aumento no acúmulo de água nas usinas, estimado em 34,24% na última quinta-feira (7).
"É claro que essa redução no consumo ajuda a fechar a conta, mas o risco permanece para o ano que vem. Um começo de verão sem chuva deixa pouca margem para manobra", disse o analista do setor elétrico da Tendências Consultoria, Walter De Vitto.