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Dólar e repasses de custos devem pressionar inflação, dizem especialistas

A alta do dólar e o repasse aos consumidores do aumento de custos de produção se tornaram os novos vilões dos preços

Agência Brasil
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Publicado em 09/05/2015 às 15:50
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A alta do dólar e o repasse aos consumidores do aumento de custos de produção se tornaram os novos vilões dos preços - FOTO: Foto: Agência Brasil
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Segundo o professor, parte da alta para bens de consumo foi motivada por empresários que esperaram para repassar aos preços finais o impacto da conta de luz e dos fretes mais altos. Em relação à saúde, que registrou as maiores altas de preços no mês passado, o reajuste dos medicamentos interferiu no IPCA.

Professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) e membro do Conselho Federal de Economia, Celina Ramalho aponta outro fator que deve manter a inflação alta nos próximos meses: o dólar. Segundo ela, o aumento em torno de 15% da moeda norte-americana em 2015 está começando a ser repassado aos preços das mercadorias importadas ou com matérias-primas importadas.

“Em grande medida, a alta do dólar reflete o ajuste da economia americana, mas há fatores internos afetando o câmbio. Como o câmbio está volátil e muitos contratos são fechados com meses de diferença, leva algum tempo para que a variação do dólar seja transferida para o consumidor”, adverte.

Para a professora, a inflação continuará a ser pressionada tanto pelo dólar como pelos repasses dos custos dos atacadistas para o varejo. “Não é uma pressão tão grande como a dos aumentos da energia e dos combustíveis no início do ano, mas o IPCA continuará a passar por uma tendência de elevação nos próximos meses e com grandessíssima probabilidade de fechar acima do teto da meta.”

De acordo com o consultor de varejo Alexandre Ayres, a inflação está mudando o comportamento do consumidor. “Desde o ano passado, as vendas estão caindo nos supermercados tradicionais e subindo nas redes de atacadistas. Em vez de buscar marcas mais caras em embalagens menores, o consumidor está buscando marcas mais baratas em embalagens maiores, com custo unitário da mercadoria mais baixo”, explica.

Em abril, o IPCA atingiu 0,71%, com queda de 0,61 ponto percentual em relação a março (1,32%). No entanto, o índice no acumulado de 12 meses subiu para 8,17%, acima do teto de 6,5% para a meta de inflação em 2015. Segundo o último Relatório de Inflação, divulgado em março, o Banco Central acredita que o IPCA fechará o ano em 7,9%.

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