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Ações da Petrobras ofuscam perda de concessionárias e Bolsa fecha estável

No mercado de câmbio, o dólar enfrentou novo dia de recuo ante as principais moedas internacionais nesta terça-feira (9)

Da Folhapress
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Publicado em 09/06/2015 às 19:18
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
No mercado de câmbio, o dólar enfrentou novo dia de recuo ante as principais moedas internacionais nesta terça-feira (9) - FOTO: Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Na esteira da valorização de mais de 3% dos preços do petróleo no exterior e com expectativa pelo anúncio do novo plano de negócios neste mês, a Petrobras viu suas ações dispararem mais de 3% na Bolsa brasileira nesta terça-feira (9).

O desempenho dos papéis impediu que o principal índice acionário do mercado local fechasse no vermelho. O Ibovespa, no entanto, ficou praticamente estável, com ligeira valorização de 0,01%, para 52.815 pontos.

As ações preferenciais da estatal, sem direito a voto, ganharam 3,18%, para R$ 12,97 cada uma. As ordinárias, com direito a voto, tiveram avanço de 3,69%, a R$ 14,05, entre as maiores altas do Ibovespa na sessão. Ambas chegaram a subir mais de 4% ao longo do dia.

"O mercado demonstrou otimismo em relação ao pacote de concessões de infraestrutura de R$ 198 bilhões, anunciado nesta terça-feira pela Dilma Rousseff", disse João Pedro Brügger, analista da Leme Investimentos. "A medida pode trazer recursos externos para o país, e os investidores acreditam que dessa vez o programa pode funcionar, já que há uma equipe econômica de confiança no poder", completou.

No entanto, os papéis de empresas do setor de infraestrutura, que subiram na véspera com a expectativa pelo pacote e abriram esta terça-feira no azul, perderam força após o anúncio da presidente e fecharam em queda. Segundo analistas, a reação refletiu um ajuste natural às altas recentes.

"As ações podem ter subido no boato e caído no fato", disse Brügger, destacando que investidores podem ter se desfeito dos papéis das companhias de infraestrutura para lucrar com o forte avanço apresentado na véspera.

A equipe do banco UBS disse em nota que o anúncio do novo plano de concessões é positivo, mas ressaltou que pode levar algum tempo para que os projetos se materializem, avaliando um impacto neutro para as empresas no curto prazo.

"O governo brasileiro pretende impulsionar o setor de infraestrutura, oferecendo condições de financiamento mais generosas, e achamos que as empresas vão continuar buscando retornos ainda mais elevados, amparados no ambiente de mercado atual", disse.

A corretora Brasil Plural também destacou que, apesar da grande quantidade de investimentos anunciados, o governo afirmou que a maioria dos projetos com aportes de curto prazo -como alterações e renovações de contrato e algumas novas concessões- estão em negociação.

Para a Brasil Plural, o lado mais relevante do anúncio para empresas como CCR, Ecorodovias e Arteris estava relacionado a alterações aos contratos de concessão e renovações antecipadas. Desse modo, a corretora decidiu não incluir ainda o valor potencial de futuros projetos no valor justo das empresas.

Em sentido oposto, além da Petrobras, também subiram as empresas do setor educacional, após o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, anunciar na véspera que o governo fará nova edição do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) neste ano. A Kroton ganhou 2,15%, para R$ 11,90, enquanto a Estácio teve valorização de 4,12%, a R$ 18,95.

CÂMBIO

No mercado de câmbio, o dólar enfrentou novo dia de recuo ante as principais moedas internacionais nesta terça-feira. A expectativa de entrada de recursos no Brasil diante de captações de empresas ajudou a reduzir a pressão sobre a taxa cambial, segundo operadores.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, encerrou o pregão com desvalorização de 0,70% frente ao real, cotado em R$ 3,100 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, recuou 0,28%, para R$ 3,102. Foi a segunda baixa consecutiva da moeda americana.

"Há expectativa de entrada de recursos no país, principalmente após as recentes emissões de bônus por grandes companhias, como Petrobras e Embraer, que atraíram atenção de investidores", disse Carlos Pedroso, economista sênior do Banco de Tokyo-Mitsubishi. "Há espaço para novas operações deste tipo", completou.

Sobre o novo plano de concessões do governo e a expectativa de que ele atraia também interesse externo ao país, Pedroso ponderou que, "apesar de gerar um otimismo benéfico à taxa de câmbio, os investimentos previstos devem ocorrer apenas no médio e longo prazo".

O economista acrescentou que o dado sobre a inflação oficial no Brasil e a ata da última reunião de política monetária do Banco Central, previstos para esta semana, devem permanecer no radar. Ambos darão pistas sobre o rumo da taxa de juros no país, que foi elevada na última semana a 13,75% ao ano.

Quanto mais elevado o juro, mais estrangeiros devem direcionar recursos ao país em busca de retornos atraentes. E, por consequência, a maior oferta de dólares tende a empurrar a cotação da moeda americana para baixo. Operadores ressaltam, porém, que é um dinheiro de curto prazo, que pode sair do Brasil a qualquer momento, principalmente se a taxa de juros nos EUA voltar a subir.

Investidores seguiram monitorando a postura do Banco Central brasileiro em relação às ofertas de swap cambial (operação que equivale à venda futura de dólares), após a autoridade monetária continuar fazendo neste mês rolagem parcial do lote de contratos que vence em julho. O BC rolou nesta terça-feira 7.000 contratos de swap, em uma operação que movimentou US$ 342,7 milhões.

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