A União Europeia e o Mercosul definiram em Bruxelas que a apresentação das propostas para um acordo de livre comércio deverá ser feita até o último trimestre deste ano, sem estabelecer, no entanto, uma data específica para tanto.
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O cenário agrada UE e Argentina, mas frustra o discurso da presidente Dilma Rousseff na Bélgica de que o Mercosul, sobretudo o Brasil, estava pronto para apresentar em julho as ofertas para fechar logo uma negociação que se arrasta há 15 anos.
Após uma reunião nesta quinta (12) com o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a comissária de negócios da UE, Cecilia Malmstrom, afirmou que os processos técnicos levam a discussão a ser concluída até o fim deste ano.
Os europeus argumentaram, entre outras coisas, que precisam consultar seus 28 membros, além do fato de que os meses de julho e agosto são oficialmente período de férias na região.
As ofertas, em tese, devem ser trocadas ao mesmo tempo, ou seja, somente quando o bloco europeu estiver disponível.
Por outro lado, o prazo atende também a um desejo da Argentina, que pressionava para que o tema fosse discutido somente depois das eleições locais, marcadas para outubro.
Nesta quinta (11), antes de deixar Bruxelas, Dilma afirmou que não saía do encontro insatisfeita.
"Não saio frustrada. Isso não significa que não terá data. Eles (UE) têm de olhar as condições deles, consultar seus membros, e fazer a mesma proposta", afirmou aos jornalistas ao deixar a cúpula entre União Europeia e Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribe), motivo oficial da viagem a Bruxelas.
"Acordos bilaterais podem ser difíceis para qualquer país ou qualquer região. O que é preciso é ter disposição de fazer", destacou a presidente.
CRISE COM ARGENTINA
Dilma minimizou as divergências com a Argentina em relação ao tema. Apontada como entrave protecionista das negociações, a presidente Cristina Kirchner não compareceu a Bruxelas.
Dilma se irritou quando foi questionada se havia perdido a paciência com o país vizinho. Segundo ela, é "desrespeitoso" essa tipo de abordagem sobre o assunto por parte da imprensa. "É visivelmente uma conversa de quem acha que a culpa é sempre dos latino-americanos. Me desculpa", afirmou.
"Essa visão de que o governo perdeu a paciência com a Argentina não representa jamais o que o governo brasileiro pensa. Não existe motivo para a Argentina não ir conosco", disse a presidente.