Impulsionado por ações de bancos e da Petrobras, o principal índice da Bolsa brasileira fechou esta terça-feira (16) no azul, interrompendo uma sequência de três baixas.
"O ânimo dos investidores no exterior ajudou a BM&FBovespa, especialmente a alta das Bolsas nos Estados Unidos, diante de notícias de fusões e aquisições de empresas naquele país", disse Lucas Rezende, executivo da equipe da análises da UM Investimentos.
O Ibovespa subiu 1,06%, para 53.702 pontos. O índice havia caído 0,32% nos últimos três pregões. O volume financeiro movimentado nesta terça-feira foi de R$ 6,834 bilhões -praticamente em linha com a média diária do ano, de R$ 6,943 bilhões, segundo dados da operadora da Bolsa.
"Amanhã [quarta] há vencimento dos contratos de índice futuro [papéis que apostam na pontuação futura de índices da Bolsa], o que normalmente tende a impulsionar as ações mais representativas do mercado, como os bancos e a Petrobras", explica Alexandre Wolwacz, diretor da escola de investimentos Leandro & Stormer.
Segundo Wolwacz, apesar do ganho das Bolsas nesta terça-feira (16), o mercado continua monitorando com cautela as negociações entre o governo da Grécia e seus credores internacionais. "A expectativa é que os ministros de Finanças da zona do euro cheguem a um acordo nesta quinta-feira (18)", disse.
Atenas tem apenas duas semanas para encontrar um modo de sair do impasse e receber ajuda dos credores internacionais antes de se ver diante de um pagamento de 1,6 bilhão de euros ao FMI (Fundo Monetário Internacional), potencialmente deixando o país sem dinheiro, sem poder tomar empréstimos.
No exterior, as Bolsas americanas subiram entre 0,51% e 0,64% nesta terça-feira, enquanto na Europa, os principais mercados acionários tiveram valorizações acima de 0,2%, exceto em Londres (-0,01%) e em Atenas (-4,77%).
AÇÕES
Aqui no Brasil, o setor bancário, segmento com maior peso dentro do Ibovespa, foi o principal vetor da alta do índice. O Itaú Unibanco subiu 3,54%, para R$ 34,55, enquanto a ação preferencial do Bradesco, sem direito a voto, teve valorização de 2,54%, para R$ 28,31.
Em nota a clientes, o Credit Suisse chamou a atenção para a forte recuperação da ação do Itaú ao longo do pregão na véspera, avaliando que o movimento pode estar relacionado à retomada de recompra de ações pelo banco. "Se realmente a recompra estiver ativa, o sinal nos parece bastante interessante e pode indicar um piso importante de curto prazo para o papel", escreveu o banco.
Já o Banco do Brasil avançou 3,34%, para R$ 23,21. Matéria do jornal o "Estado de S.Paulo" afirmou que o governo pode ter que pagar R$ 24,5 bilhões para a instituição e para o BNDES referente a crédito agrícola.
O Santander Brasil teve valorização de 2,97%, para R$ 16,66. O BTG Pactual elevou a recomendação para os papéis do banco para "compra", citando que o preço está atrativo. "Lucro não deve ficar muito longe do primeiro trimestre, mas resultado pré-provisão deve melhorar, o que pode indicar um segundo semestre melhor", destacou o BTG em nota.
Quem liderou a ponta positiva do Ibovespa foram as produtoras de alimentos Marfrig (+5,88%, para R$ 4,50) e JBS (+4,35%, para R$ 16,57). No caso de JBS, o banco americano JP Morgan elevou o preço-alvo para as ações da empresa em 2016 de R$ 15,50 para R$ 20.
Além disso, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, disse que as exportações de carne bovina não processada do Brasil para os EUA devem começar em agosto. Ela também mostrou confiança de que esse ano haja exportação de carne bovina para o Japão.
Em sentido oposto, os papéis preferenciais da mineradora Vale caíram 2,46%, para R$ 17,02 cada um, diante da queda no preço do minério de ferro no mercado à vista da China -principal destino das exportações da mineradora brasileira.
O setor siderúrgico também refletiu negativamente os dados -o minério de ferro é um dos principais componentes do aço. A CSN perdeu 3,65%, para R$ 5,80, enquanto a Gerdau cedeu 3,08%, para R$ 8,18. Já a ação preferencial da Usiminas teve desvalorização de 1,50%, para R$ 4,60.
Colaborou para a queda a notícia de que as vendas de aço plano por distribuidores de aço do Brasil recuaram 27% em maio sobre o mesmo mês de 2014, segundo dados do Inda (Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço) compilados por analistas do setor. Na comparação com abril, houve queda de 9%.
DÓLAR
No mercado de câmbio, o dólar comercial caiu nesta terça-feira (16), com a expectativa de entrada de recursos no país se sobrepondo à cautela com a crise grega, segundo operadores. O mercado também segue alerta com a reunião de política monetária do Federal Reserve (banco central americano) nesta semana.
A presidente do Fed, Janet Yellen, já sinalizou que a taxa deve voltar a subir ainda em 2015, após permanecer desde 2008 em seu menor nível histórico, entre zero e 0,25% ao ano.
Uma alta do juro americano deixaria os títulos do Tesouro dos EUA -que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco- mais atraentes do que aplicações em mercados emergentes como o Brasil, provocando uma saída de recursos dessas economias. A menor oferta de dólares tenderia a pressionar a cotação da moeda americana para cima.
O dólar comercial, utilizado no comércio exterior, cedeu 1,02% sobre o real, cotado em R$ 3,096 na venda. Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve leve alta de 0,11%, para R$ 3,106.
Investidores continuaram monitorando também a postura do Banco Central brasileiro em relação às ofertas de swap cambial (operação que equivale à venda futura de dólares), após a autoridade monetária ter reduzido, na semana passada, a rolagem do lote de contratos que vence em julho. O BC rolou nesta terça-feira (16) 6.300 contratos de swap, em uma operação que movimentou US$ 309,1 milhões.