Baixa

Dados econômicos derrubam Bolsa; Braskem despenca 10,4% por Lava Jato

Resultado reflete desdobramentos da operação Lava Jato, que prendeu os presidentes da Odebrecht

Da Folhapress
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Publicado em 19/06/2015 às 18:58
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Resultado reflete desdobramentos da operação Lava Jato, que prendeu os presidentes da Odebrecht - FOTO: Foto: Agência Brasil
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O principal índice da Bolsa brasileira fechou esta sexta-feira (19) em baixa, refletindo a piora em indicadores econômicos brasileiros e os novos desdobramentos da operação Lava Jato da Polícia Federal, que prendeu os presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo.

O Ibovespa recuou 0,90%, para 53.749 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,697 bilhões. Apesar desse desempenho, o índice acumulou alta de 0,75% na semana, em seu terceiro ganho semanal consecutivo.

As ações da Braskem lideraram a ponta negativa do Ibovespa, com baixa de 10,40%, para R$ 12,40 cada uma. O principal acionista da empresa é a Odebrecht, envolvida na Lava Jato. Já a construtora CCR fechou com ganho de 0,95%, para R$ 14,90, apesar do envolvimento da Andrade Gutierrez, que detém 17% do capital da CCR, na operação da PF.

A agenda econômica negativa colaborou para o mau humor dos investidores. O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) caiu 0,84% em abril ante março, enquanto a prévia da inflação oficial (IPCA-15) acelerou para 0,99% em junho e o Ministério do Trabalho divulgou que mais de 115 mil vagas com carteira assinada foram encerradas no país no mês passado, o pior resultado para maio desde 1992.

"Tanto o IBC-Br quanto o Caged (trabalho) mostraram que a atividade econômica está passando por rápido encolhimento. A pergunta fundamental é quando esse processo reverterá. Minha percepção é que ainda teremos alguns trimestres ruins pela frente", disse o economista Samuel Kinoshita, sócio na MVP Capital Gestão de Recursos.

"Especialmente o dado de inflação preocupou o mercado, reforçando as apostas de que o Banco Central vai subir ainda mais o juro básico [Selic] neste ano, o que tende a impactar negativamente a Bolsa", disse João Pedro Brügger, analista da Leme Investimentos.

Para Brügger, o noticiário em torno da Lava Jato deixa o mercado fragilizado, especialmente porque a economia enfrenta um "momento complicado", mas, no longo prazo, a operação da PF tem efeito positivo. "O escândalo envolvendo grandes companhias agrava ainda mais a situação delicada do país, porém mostra que está havendo um comprometimento dos órgãos responsáveis em punir irregularidades."

As ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, encerraram o pregão no vermelho, colaborando para a queda do Ibovespa. Os papéis recuaram 2,01%, para R$ 13,17. O movimento das ações acompanhou o declínio nos preços do petróleo no mercado internacional.

O setor de bancos, segmento com maior peso dentro do índice, também pressionou negativamente o Ibovespa. O Itaú perdeu 1,12%, para R$ 34,39, enquanto a ação preferencial do Bradesco teve desvalorização de 1,95%, para R$ 28,20 e o Banco do Brasil viu seu papel ceder 0,69%, para R$ 23,12.

Na contramão, as ações da construtora Cyrela estiveram entre as maiores altas do pregão, com ganho de 2,88%, para R$ 10 cada uma. A empresa abriu um novo programa de recompra de ações de até 20 milhões de papéis.

CÂMBIO - No câmbio, o dólar subiu em relação ao real, diante da indefinição sobre um acordo para evitar um calote da dívida da Grécia e com os investidores aproveitando a sessão para comprar a moeda americana após quedas recentes que levaram a cotação para perto de R$ 3.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de 1,15% sobre o real, cotado em R$ 3,082 na venda. Na semana, houve queda de 1,03%. Foi a terceira baixa semanal consecutiva. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançou 1,40% no dia e caiu 0,55% na semana, para R$ 3,102.

As atuações do Banco Central do Brasil no câmbio continuaram no radar do mercado, após a autoridade monetária ter reduzido, novamente, as intervenções através da rolagem de contratos de swap cambial (operação que equivale a venda futura de dólares).

Na noite de quarta-feira (17), o BC anunciou que passaria a fazer leilão de até 5.200 swaps cambiais diários para estender o vencimento do lote de contratos que vence em julho. Na última semana, a autoridade monetária vinha ofertando até 6.300 papéis por dia e, antes disso, até 7.000. Nesta sexta, o BC vendeu todos os 5.200 swaps oferecidos na rolagem, por US$ 255,8 milhões.

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