Uma série de eventos "não econômicos", segundo o Banco Central, contribuíram para reduzir em 35% os investimentos estrangeiros diretos em empresas no Brasil entre janeiro e maio deste ano.
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A Operação Lava Jato da Polícia Federal, o risco de racionamento de energia e água e a dificuldade da Petrobras em divulgar seu balanço estão na lista de problemas que, segundo a instituição, afastaram investidores e representaram uma entrada menor de dólares no setor produtivo.
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, como parte desses entraves foi deixada para trás (o racionamento, por exemplo), a expectativa da instituição é de uma entrada maior de dinheiro a partir de agora. Além disso, o segundo semestre costuma ser um período de maiores investimentos.
Os investimentos diretos em empresas no país caíram para US$ 25,5 bilhões até maio na comparação com o mesmo período do ano passado, e o BC espera fechar o ano com US$ 80 bilhões, mesma projeção feita em março. Em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), que deve encolher neste ano, o peso desses investimentos deve se manter no mesmo nível do final de 2014 (4,1%).
Esse dinheiro ajudará a financiar a saída de recurso gerada pelo deficit nas transações de bens, serviços e rendas com outros países. A projeção do BC para esse resultado negativo caiu de US$ 84 bilhões para US$ 80 bilhões, devido à queda nos gastos com serviços do exterior e no envio de lucros.
"As contas externas vêm refletindo um ajuste que já temos mencionado desde o ano passado, influenciado principalmente pelo comportamento do câmbio e pelo menor crescimento da economia brasileira", afirmou Maciel.
EXPORTAÇÕES E VIAGENS
A queda na atividade também levou o BC a reduzir em US$ 10 bilhões a projeção tanto de exportações como de importações neste ano. A última estimativa havia sido feita em março.
As vendas ao exterior devem cair de US$ 224 bilhões em 2014 para US$ 200 bilhões neste ano. As importações devem somar US$ 207 bilhões, o que resultaria saldo positivo de US$ 3 bilhões.
O crescimento menor do país e o câmbio também são apontados pelo BC como fatores que vão reduzir as despesas com viagens internacionais.
Essas despesas somaram US$ 8,3 bilhões até maio, menor valor em cinco anos. Dados parciais para junho indicam que a tendência de queda se mantém.
Segundo Maciel, os gastos com viagens já estavam perdendo fôlego no ano passado, mas ainda apresentavam crescimento em relação a anos anteriores. "Agora, observa-se um ajuste mais significativo nessas despesas", afirmou.