O consumo de gasolina no Brasil caiu no primeiro semestre de 2015, segundo dados publicados nesta quarta-feira pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). Depois de anos de crescimento acelerado, as vendas do combustível apresentaram queda de 5% até junho.
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Para especialistas, o mau desempenho cria um dilema para a Petrobras, que precisa repassar a defasagem dos preços internacionais em meio a um mercado adverso. Segundo Walter de Vitto, analista da Tendências, a gasolina no Brasil está hoje 9,1% mais barata do que a cotação internacional.
"Fica a dúvida de como a Petrobras ganharia mais: mantém os preços, sem impactar demanda; ou eleva os preços, com algum reflexo negativo sobre a demanda", diz ele. O último reajuste nos preços dos combustíveis entrou em vigor em novembro do ano passado.
A direção da Petrobras tem frisado que a queda no consumo vem sendo considerada nas análises sobre a necessidade de reajustes.
Os dados da ANP mostram que a gasolina está perdendo mercado para o etanol hidratado, hoje com maior vantagem competitiva. As vendas do biocombustível cresceram 38% no primeiro semestre, chegando a 8,4 bilhões de litros.
A maior competição com o etanol tem se refletido em aperto nas margens de venda da gasolina: o IPCA-15, divulgado nesta quarta (22) pelo IBGE mostra queda de 0,47% no preço da gasolina desde a segunda quinzena de junho. Segundo a ANP, entre março e a semana passada, o preço médio do combustível nos postos caiu de R$ 3,323 para R$ 3,296 por litro.
No geral, o mercado de combustíveis apresentou estagnação no primeiro semestre, com crescimento de apenas 0,3% com relação ao mesmo período do ano anterior. As vendas de diesel, produto mais vendido no país, caíram 2,5%.
"O principal fator é a retração da economia", diz Hélvio Rebeschini, diretor de planejamento estratégico do Sindicom (Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes).
Por outro lado, com a queda no consumo interno, a balança comercial de petróleo e derivados tem apresentado deficits menores do que em anos anteriores. De acordo com a ANP, no primeiro semestre as importações de petróleo e derivados caíram, em volume, 24,1% e 2,2%, respectivamente.