A fraca atividade econômica está influenciando no resultado das contas externas brasileiras. O saldo negativo das transações correntes - compras e as vendas de mercadorias e serviços do país com o mundo - ficou em US$ 2,547 bilhões, em junho, e acumulou US$ 38,282 bilhões, no primeiro semestre do ano, informou o Banco Central (BC).
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Nos mesmos períodos do ano passado, respectivamente, esses déficits eram maiores: US$ 5,110 bilhões e US$ 49,972 bilhões. Para o ano, o BC espera que o saldo negativo das transações correntes fique em US$ 81 bilhões, contra US$ 104,740 bilhões registrados em 2014.
Um dos itens das contas externas que mostram essa influência são as viagens internacionais. Com a menor atividade econômica e o dólar em alta, sobra menos dinheiro para os brasileiros viajarem. Em junho, por exemplo, houve redução de 17,43% nessas despesas (US$ 1,649 bilhão) em relação ao mesmo período de 2014.
Enquanto caiu o déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros, entre outros) e de renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários), aumentou o saldo positivo da balança comercial (exportações maiores que as importações).
Segundo o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, a “principal surpresa” de junho foi o maior superávit comercial, que chegou a US$ 4,398 bilhões, o maior resultado desde junho de 2009.
Rocha destacou ainda que o déficit em transações correntes, em junho, foi integralmente financiado por investimento direto no país (IDP). Quando o país tem déficit em conta-corrente, ou seja, gasta além da renda do país, é preciso financiar esse resultado com investimentos estrangeiros ou tomar dinheiro emprestado no exterior. O IDP, recursos que entram no Brasil e vão para o setor produtivo da economia, é considerado a melhor forma de financiar por ser de longo prazo.
Em junho, o IDP chegou a 5,397 bilhões e acumulou US$ 30,918 bilhões, no primeiro semestre. “Em junho, financiou mais que integralmente o déficit em conta corrente. No primeiro semestre, financiou 81%, constituindo a principal fonte de financiamento das transações correntes”, disse.
Rocha disse ainda que o ingresso de investimentos em ações no país segue estável e está alinhado com a projeção do BC de US$ 15 bilhões para o ano. O investimento em ações negociadas no Brasil e no exterior chegou a US$ 791 milhões, no mês passado, e a US$ 10,810 bilhões, no primeiro semestre. “Do ponto de vista do investidor não residente, ele considera as condições da atividade no país, que podem ser bastante diferentes observando setores e companhias específicas. A taxa de câmbio mais desvalorizada, para o investidor, que tem sua receita em divisas estrangeiras, torna as ações mais baratas”, avaliou Rocha.
Já no caso dos investimentos em títulos de renda fixa, houve mais saída do que entrada, com saldo negativo de US$ 242 milhões, no mês. No primeiro semestre, o saldo ficou positivo em US$ 21 bilhões.
Rocha também enfatizou que as empresas brasileiras estão tendo acesso a empréstimos no mercado internacional suficientes para amortizar dívidas.