Ao contrário do que muita gente imagina, embora sejam residentes em uma incubadora de base tecnológica ligada a universidades no país, as empresas incubadas têm que funcionar como qualquer companhia estabelecida no mercado. Ou seja, têm que cumprir todas as obrigações de uma empresa comum, como pagamento de impostos, registro na junta comercial, ter contabilidade, entre outros requisitos.
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Para se estabelecerem na incubadora, as empresas vencedoras do edital “têm que ser formalizadas, com contrato social, registro na Junta Comercial. Não há diferença alguma de uma empresa comum”, informou à Agência Brasil o sócio da Gestão de Processos Estratégicos e TI (GPE), Ricardo Barros. A empresa está encerrando o seu ciclo de incubação na Incubadora de Empresas do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ) e saindo para o Parque Tecnológico, situado na Ilha do Fundão, zona norte da capital fluminense.
A GPE oferece soluções para execução de plano estratégico. Os produtos se destinam ao planejamento, implementação e acompanhamento de processos estratégicos. “Fazemos negócios como qualquer outra empresa”, ressaltou Barros. O diferencial das empresas incubadas, segundo ele, é que elas são empresas que trabalham com algum tipo de inovação tecnológica, seja de produtos, serviços ou processos.
Para a GPE, a passagem pela incubadora foi positiva em todos os aspectos, disse Ricardo Barros, “no sentido de nos dar todo o suporte na parte da infraestrutura, instalações físicas, energia elétrica, segurança, rede, mas o mais importante é o suporte que a gente recebe aqui de gestão”. Na maioria dos casos, as empresas incubadas são oriundas dos laboratórios da Coppe ou de outros centros de pesquisa onde desenvolvem protótipos de pesquisas de doutorado, com a ideia de transformá-los em produtos de mercado. “A incubadora nos ajuda a dar esse salto”.
Ganhar dinheiro nas primeiras etapas de incubação depende do modelo de negócio estabelecido pela empresa residente. Há empresas que chegam com algum recurso para poder sobreviver durante alguns meses e outras que criam, como a GPE, um modelo sustentável de prestação de serviços, enquanto investem no desenvolvimento do seu produto. “Enquanto o produto não rende o suficiente para esse modelo sustentável, desenvolvemos outras atividades”. Algumas empresas procuram capital de fomento e investidores. Segundo Barros, a vantagem de estar em uma incubadora é que as empresas têm acesso a um leque de opções, com apoio dessas unidades. “Elas podem, com apoio das incubadoras, averiguar qual é o melhor caminho para a empresa em função da sua maturidade, do produto”.
A Netcommerce ainda está em fase inicial na Incubadora de Empresas da Coppe-UFRJ. A empresa desenvolve soluções corporativas de comércio eletrônico, inteligência computacional, estratégias de 'marketing' e entrou na incubadora em 2012. O período normal de incubação são três anos, prorrogáveis por mais dois. O sócio da Netcommerce, Leandro Carvalho, disse que está no “processo de se tornar parrudinho para o horizonte de saída”.
A empresa nascente de Leandro Carvalho cria 'shoppings' virtuais para empresas de mercado, como restaurantes, usando a própria plataforma da empresa incubada, que serve de base para o processamento de dados dos clientes. “A gente dá uma inteligência para essas empresas”. A partir de 2014, a Netcommerce entrou com força na criação de projetos próprios. “A gente viu que o que dava dinheiro não era só administrar 'e-commerce' de outros; era ter o próprio 'e-commerce'”. Com esse propósito, foi criado o “Cosmético Já”, que atende a indústria do setor de beleza, que movimentou no ano passado R$ 38 bilhões, dos quais 70% estão nas mãos de grandes indústrias. Carvalho esclareceu que o projeto trabalha com os restantes 30%, correspondentes a cerca de 2 mil empresas de pequeno porte que precisam se ancorar em um ponto para conseguir visibilidade para os seus produtos. O projeto da empresa incubada é voltado para as classes sociais C e D.
Como todas as empresas incubadas, a Netcommerce é formalizada, paga imposto, tem Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e alvará. Leandro Carvalho não pretende prorrogar o período de incubação. “A ideia, disse, é este ano colocar o primeiro pé do lado de fora, até que fique confortável ir para o mercado”. Isso, porém, vai depender da conjuntura, destacou. “Mas o horizonte da graduação já surge na nossa visão”. O amadurecimento é consequência da permanência da empresa emergente na incubadora, completou Ricardo Barros, da GPE.
Toda a mão de obra das empresas incubadas é da universidade. Enquanto a GPE tem 16 funcionários, a Netcommerce trabalha com cinco colaboradores. Dependendo do perfil dos profissionais, eles são enquadrados em um tipo de contratação diferenciado, que pode ser bolsista de várias categorias e celetista.