Consumo

Dia dos Pais de 2015 é o pior em seis anos

Segundo o SPC Brasil e a CNDL, as consultas para compras parceladas tiveram queda de 11,21%, refletindo o desaquecimento econômico e a perda de poder aquisitivo

Da editoria de economia
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Publicado em 11/08/2015 às 8:10
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Segundo o SPC Brasil e a CNDL, as consultas para compras parceladas tiveram queda de 11,21%, refletindo o desaquecimento econômico e a perda de poder aquisitivo - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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A renda apertada e os altos índices de desemprego fizeram com que o Dia dos Pais de 2015 fosse o pior registrado em seis anos no País. 

De acordo com um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a queda nas consultas para vendas a prazo foi de 11,21%. Esse índice sinaliza o ritmo do movimento no comércio e significa também um aumento nas compras à vista, demonstrando a queda da confiança do consumidor. Os dados da pesquisa apontam que esse resultado negativo do Dia dos Pais resulta de fatores como o desaquecimento econômico, influenciado principalmente pelo aumento dos juros, e pela diminuição do poder de compra causado pela alta da inflação. As vendas na data vem despencando desde o ano passado, quando já era registrada uma queda de 5,09%. 

“Podemos apontar como causas principais para essa queda acentuada a inflação, o desemprego e o pessimismo por parte dos consumidores”, esclarece a economista chefe do SPC, Marcela Kawauti.

Os dados que medem as intenções de compras a prazo indicam ainda que, por estar menos confiante em relação aos anos anteriores, o brasileiro optou por comprar à vista e por itens mais baratos. Segundo a economista Marcela Kawauti, uma das principais causas dessa mudança no comportamento do consumo foi o medo do consumidor de comprometer o próprio orçamento.

“Quando o consumidor não tem muita confiança no futuro, ele consome menos no presente. As crises política e econômica fazem com que as pessoas fiquem receosas e, com isso, até quem está podendo comprar, fica retraído.”

Os resultados registrados no Dia dos Namorados (-7,82%), na Páscoa (-4,93%) e no Dia das Mães (-0,59%) mostram que nem as datas comemorativas mais importantes estão ajudando a acelerar o consumo. Nessas três datas, a queda nas intenções de vendas parceladas também apresentou quedas causadas pelos mesmos fatores, de acordo com o SPC.

A economista Marcela Kawauti explica que a queda nos índices não significa que essas datas estejam passando em branco. Segundo ela, evitar parcelamentos e escolher itens mais em conta foi a alternativa encontrada por quem não quis deixar de presentear. 

“Esses resultados não significam que as pessoas deixaram de comprar, mas sim, que escolheram presentes com um preço melhor, ou então, que dois ou mais filhos se juntaram pra comprar o mesmo presente”, diz.

O Dia dos Pais é a quarta data comemorativa que mais movimenta o varejo em volume de vendas e faturamento, atrás do Natal, Dia das Mães e Dia dos Namorados. Diante disso, alguns lojistas ainda viam a data como a possibilidade de um respiro em um ano ruim. Entretanto, o esvaziamento no varejo derrubou as expectativas dos mais otimistas. De acordo com o Índice de Consumidores no Varejo Sazonal (IVC SAZ), o fluxo médio de pessoas em lojas no Dia dos Pais apresentou queda de 11,7% na comparação com o mesmo período de 2014.

O índice mostra ainda que no sábado que antecedeu a data houve um aumento de 50% em relação à média dos dois sábados anteriores. Essa ida às lojas em cima da hora ratifica que o consumidor estava em busca do melhor preço.

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