O BNDES irá refinanciar empréstimos concedidos a empresas que estejam com dificuldade para honrar o pagamento das prestações, afirmou nesta sexta-feira (21) o presidente do banco, Luciano Coutinho.
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Segundo ele, o refinanciamento será feito a juros de mercado, e por esse motivo não terá custo para o governo.
O lucro líquido do banco tombou 36% no primeiro semestre, frente ao mesmo período de 2014, para R$ 3,515 bilhões, afetado principalmente pela crise na Petrobras, empresa na qual tem participação societária.
"Vamos fazer isso [refinanciamento] apesar da dificuldade de acesso a fontes de TJLP [Taxa de Juros de Longo Prazo, a mais barata oferecida pelo banco]. Vamos ter de fazer isso a taxas mais altas, porque é a única alternativa que nos resta. Mas sem fechar os olhos para as dificuldades. É mais inteligente prevenir do que remediar", afirmou durante inauguração em São Paulo da fábrica da Bralyx, empresa que fornece equipamentos para a indústria de alimentos.
A medida ocorre apesar de o banco ter afirmado em comunicado na semana passada que "boa gestão operacional, alinhada às prioridades estratégicas do governo" se refletia em baixa inadimplência.
Coutinho afirmou que o banco ainda não sabe quanto será preciso refinanciar e que está "examinando a melhor forma de fazer" as renegociações. Ele disse que o BNDES já recorreu ao expediente em outras ocasiões.
"Ainda estamos avaliando em função das restrições de 'funding' do banco. Neste caso, não haverá incidência sobre TJLP. Teremos de ampliar nossa captação no mercado para dar suporte a essas operações", afirmou.
Segundo ele, a transferência de R$ 10 bilhões do FI-FGTS (o fundo bilionário que aplica recursos do trabalhador em infraestrutura) para o BNDES, aprovada no primeiro semestre, deu fôlego ao banco e não serão necessários repasses do Tesouro Nacional.
"Tenho reiterado desde o início que não vamos pressionar [a dívida pública]", afirmou.
Coutinho disse que o BNDES não lançará novas linhas destinadas a setores específicos como anunciaram Caixa e Banco do Brasil.
A iniciativa dos dois bancos ocorre num momento em que o BNDES vem tentando incentivar o uso de crédito privado pelas empresas. No início do ano, a instituição anunciou que condicionaria a concessão de taxas de juros mais baixas à emissão de debêntures por parte da empresas.
Coutinho não quis comentar a aparente contradição.
Na semana passada, o BNDES anunciou a ampliação do programa Progeren para capital de giro. Serão reservados R$ 7,7 bilhões para a linha de crédito, que beneficiária indústria, serviços e comércio, segundo Coutinho.