O Banco Central indicou que o período de alta dos juros pode ser mais "intenso" e "longo" do que o previsto. Mais eloquente que o normal, o BC deu o recado com todas as letras no parágrafo 24 na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). "Para o Comitê, depois de um período necessário de ajustes, que pode ser mais intenso e mais longo que o antecipado, o ritmo de atividade tende a se intensificar, na medida em que a confiança de firmas e famílias se fortaleça", disse a instituição no documento. Apesar dessa afirmação, a diretoria do BC, no encontro da semana passada, manteve inalterada a taxa de juros (Selic) em 14,25%.
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A instituição, ainda neste trecho passou a dar um pouco mais de peso para o que ela classifica de eventos não econômicos. Até a reunião de julho do Copom, a diretoria via esses eventos influenciando uma redução dos investimentos, agora, a instituição destaca que esses fatores têm intensificado o processo que mantém a taxa de atividade doméstica inferior ao potencial. Em meio a esse cenário de economia fraca, a instituição continua a ver o consumo privado com sinais de contração, em linha com recentes dados de crédito, emprego e renda.
Esse trecho também sugere que o BC coloca todas as suas fichas no ajuste macroeconômico em curso e que a instituição vê, com a retomada da confiança das famílias, a volta da expansão econômica. Essa percepção, no entanto, pode ter alguma defasagem por ter ocorrido antes do Brasil perder o grau de investimento, anunciado na noite de na quarta-feira, 9, pela Standard & Poors (S&P), situação que agrava ainda mais o quadro do País. Quando a reunião ocorreu, 02 de setembro, ainda não se sabia que a agência de classificação de risco tomaria essa decisão.
Para o BC, a retomada da atividade, no entanto, não será possível no curto prazo. O Copom entende que as mudanças em curso deixam a composição da demanda agregada mais favorável apenas no médio prazo. A instituição ainda reafirmou que no que se refere ao componente externo da demanda agregada, o cenário de maior crescimento global, combinado com a depreciação do real, deve favorecer o crescimento do País.
Pelo lado da oferta, o BC continua a ver, em prazos mais longos, perspectivas mais favoráveis à competitividade da indústria e da agropecuária. Para o setor de serviços, a instituição continua a ver taxas menores do que as registradas em anos recentes.