O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, abriu nesta quarta-feira (16), o 1º Congresso Brasileiro da Indústria de Máquinas e Equipamentos, dizendo que apesar do atual estado crescente de agravamento da economia, o Brasil faz parte de um pequeno e seleto grupo de países, de menos de duas dúzias, que têm uma indústria de transformação e de 12 nações que tem uma indústria de bens de capital como a brasileira. "O Brasil produz e exporta bens de capital. No ano passado exportamos mais de 30% de nossa produção no valor de US$ 11 bilhões. Anfavea exportou metade do que nós exportamos e emprega muito menos que nós", comparou Pastoriza.
No entanto, lamenta o executivo, essa mesma indústria, que coloca o Brasil em um grupo seleto no mundo, sofre com uma elevada e "pornográfica" taxa de juros de mercado, um sistema tributário pró importador. "É mais barato importar um bens de capital do que produzir aqui no Brasil", disse o presidente da Abimaq.
Essas coisas, pioradas, pelo atual cenário econômico, avaliou o executivo, levou ao processo de desindustrialização gigantesco nos últimos anos. "Mas esse processo foi mascarado porque o País estava crescendo enquanto nós estávamos demitindo. O processo foi mascarado pelo boom das commodities", afirmou Pastoriza.
Ele salientou ainda que houve um segundo mascaramento da desisdustrialização porque o processo não se deu da forma clássica em que se notícia o fechamento de portas de fábricas. "A maior parte da nossa desisdustrialização foi feita de forma silenciosa, com as empresas deixando de ser produtoras para se tornarem montadoras, lamentou o presidente da Abimaq.
Na conversão da indústria de produtora em montadora, disse Pastoriza, as empresas até podem ganhar mais dinheiro, mas empregos de alta qualificação são jogados na lata de lixo e cadeias por trás do setor desaparecem. "Só agora, de três anos para cá, com a queda dos preços das commodities, é que água abaixou e se de conta de que um terço do parque industrial do Brasil desapareceu. "Isso significa que o País não está investindo", comentou Pastoriza, acrescentando que o Brasil tem potencial para crescer 5% ao ano de forma sustentável desde que vote a investir e recuperar a sua indústria.