A manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos gerou forte queda nas bolsas nesta sexta-feira (18). O mercado demonstra mais preocupação pelas incertezas sobre a economia mundial do que por um eventual endurecimento do crédito.
Na quinta-feira, o Fed (banco central americano) decidiu manter seus juros inalterados, alegando que um aumento pode afetar os países emergentes que já enfrentam graves dificuldades e, de contragolpe, à própria economia americana.
O anúncio, e sobretudo a justificativa do banco central, incendiou os mercados.
Em Londres, o FTSE 100 fechou em queda de 1,34%, a 6.104,11 pontos. Em Frankfurt, o DAX 30 despencou 3,06%, a 9.916,16 pontos, e o CAC 40 em Paris recuou 2,56%, a 4.535,85 pontos. O FTSE MIB de Milão caiu 2,65% e o IBEX 35 de Madri, 2,57%.
Do outro lado do Atlântico, a situação não é muito melhor. Às 16H12 GMT, o Dow Jones registrava queda de 0,94% e o Nasdaq de 0,47%. O índice Ibovespa de São Paulo sofria recuo de 0,82%, e o México IPC caía 0,55%.
Na Ásia, a Bolsa de Tóquio encerrou a sessão de sexta-feira em queda de 1,96%
A economia americana deu sinais de boa saúde nos últimos meses, e o Fed chegou a considerar que já era hora de aumentar os juros, que se encontram em seu mínimo histórico, de quase 0%, há quase nove anos, época de crise financeira internacional.
Mas o agravamento da situação nos mercados emergentes, com a China em plena desaceleração e Brasil e Rússia em recessão, fez o banco central americano reconsiderar sobre o momento certo para o ajuste.
"Grande parte da nossa atenção se centrou nos riscos em torno da China, mas não só na China e, sim, nos mercados emergentes em geral e em como esses riscos podem recair sobre os Estados Unidos", explicou a presidente do Fed, Janet Yellen, após reunião do organismo.
Um aumento dos juros nos Estados Unidos poderia agravar a fuga de capitais, diante da perspectiva de que o dólar se torne mais rentável em comparação aos investimentos considerados de maior risco.
"O Fed deu um alívio mais do que necessário aos banqueiros centrais dos mercados emergentes", comentou Jonathan Lewis, da consultora nova-iorquina Samson Capital Advisors LLC, em declaração à agência Bloomberg.
Em outro sinal de ansiedade, o mercado de títulos, tradicional refúgio em tempos de incerteza, sofreu uma clara distensão.
Pouco antes das 14H00 GMT (11h00 de Brasília), o bônus do Tesouro alemão a 10 anos rendia 0,660%, em relação aos 0,781% de quinta à noite. Os papéis da França tiveram rendimento de 1,023% (frente a 1,164%), os da Espanha a 1,947% (frente a 2,092%) e os dos Estados Unidos, a 2,150% (frente a 2,190%).