A disparada do dólar nos últimos meses fez mais uma vítima: o mercado de jogos eletrônicos está tendo que reajustar seus preços para poder acompanhar a variação da moeda americana. O problema é que boa parte dos componentes usados na montagem dos console, bem como custos envolvidos na produção dos jogos, são pagos com dinheiro do Tio Sam.
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A Microsoft foi a primeira. “Depois de avaliar cuidadosamente as flutuações cambiais no mercado brasileiro e nossa estratégia de longo prazo, estamos ajustando os preços de varejo sugeridos de consoles Xbox atualmente no mercado, a partir de primeiro de novembro”, afirmou em comunicado o gerente geral de Xbox no Brasil, Willen Puccinelli.
Com o reajuste, o valor sugerido do Xbox One passou de R$ 2 mil para R$ 2,5 mil, enquanto o do Xbox 360 passou de R$ 899 para R$ 1,1 mil.
“Esta não é uma decisão que tomamos facilmente, já que sabemos que gerará um impacto direto e real sobre nossos consumidores no Brasil”, completou Puccinelli, na nota. E não é mesmo, tanto que a Sony fez algo parecido com a linha Playstation, mas não fez alarde.
O PS3 montado no Brasil, que era R$ 1,1 mil passou para R$ 1,3 mil; e o PS4 nacional, que esperava-se ser lançado por R$ 2 mil, custará R$ 2,6 mil. “O varejista acaba sendo refém desses aumentos, pois não tem como não repassar esses custos em dólar ao consumidor”, explica o presidente da Associação dos jogos Eletrônicos do Brasil (Acigames), Moacyr Alves.
Além dos consoles, o preço dos jogos também vem subindo. Os títulos da nova geração (PS4 e Xbox One) começaram a ser vendidos em média por R$ 200 na época dos seus lançamentos. Esse ano o preço subiu para R$ 250 e alguns games que serão lançados no fim do ano já estão em pré-venda por R$ 300. “Nesse caso, o que causa essa variação são os royalties que as empresas têm que pagar para cada disco que prensam”, conta Alves. Franquias proprietárias da Sony e da Microsoft, como Uncharted e Halo, conseguem ser mais baratos, pois as empresas não pagam royalties para elas mesmas. “Mas até nesses casos o valor deve subir também”, completa o presidente da Acigames.
Mas nem todo mercado está pessimista. O gerente de games da Nagem, Fernando Freitas, lembra que o público dos jogos eletrônicos tem um perfil diferenciado. “Em muitos casos, o comprador é o consumidor que reconhece o valor agregado ao produto e faz um esforço para comprar mesmo assim”, avalia. De acordo com a Entertainment Software Association (ESA), para 47% dos gamers, o dinheiro gasto com jogos vale mais do que ele poderia gastar com DVDs (28%), cinema (14%) ou música (12%). “O mercado brasileiro ainda tem um diferencial que é o parcelamento. Esses R$ 50 podem fazer diferença no valor bruto do jogo, mas dividido em parcelas o consumidor não sente tanto”, completa Freitas.