A construtora Andrade Gutierrez iniciou, nesta semana, processo de demissão de 1.125 trabalhadores das obras de construção civil da usina nuclear de Angra 3, que está sendo erguida em Angra dos Reis, município do sul Fluminense.
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De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Construção civil de Angra dos Reis e Paraty (Sticpar), a empreiteira comunicou que os processos de homologação das demissões começarão na próxima semana. Ainda segundo o sindicato, ao menos 500 pessoas foram demitidas num único dia no início deste mês.
A desmobilização ocorre uma semana depois da suspensão do contrato com a Andrade pela Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras responsável pelo projeto.
No último dia 28, a estatal suspendeu o contrato por 90 dias, prorrogáveis por mais 120 dias. Citada na Lava Jato, a empreiteira é responsável pelas obras civis da usina.
A suspensão significa na prática a obra para a construção da usina, prevista inicialmente para ficar pronta em 2018, estão totalmente paralisadas.
O segundo grande contrato, da chamada montagem eletromecânica, também já havia sido suspenso em agosto. O consórcio responsável pela montagem dos equipamentos, formado por Odebrecht, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Techint, UTC e EBE, anunciou que desistiria das obras alegando falta de pagamento.
O sindicato local teme que a paralisação recente leve a demissão de até 2 mil trabalhadores que atuavam nas obras civis.
A estatal não informa o motivo da suspensão. Em nota, diz que "a responsabilidade sobre os contratos de trabalho da obra é da empresa construtora".
Procurada, a Andrade Gutierrez disse que não vai comentar o assunto.
HISTÓRICO
As obras de Angra 3 entraram no foco da Operação Lava Jato com a prisão do ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro, suspeito de ter recebido propina para beneficiar empreiteiras contratadas para a obra.
A Andrade Gutierrez já havia desmobilizado suas equipes no ano passado, alegando desequilíbrio econômico-financeiro do contrato. As obras foram retomadas no final do ano.
Inicialmente previsto para 2016, o início das operações da usina já havia sido adiado para 2018 e, segundo o último plano decenal lançado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), deve ocorrer apenas em 2019.