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As vendas do comércio tiveram queda de 0,9% na passagem de julho para agosto, na série livre de efeitos sazonais (como o número de dias úteis). Foi o sétimo mês consecutivo de queda do indicador.
Foi a maior queda para meses de agosto, nessa base de comparação, desde 2000 (-1%). Em julho, o setor havia encolhido 1,6%.
Com o resultado, o comércio acumula uma queda de 3% nas vendas de janeiro a agosto deste ano, puxado pela menor venda em setores tão variados quanto móveis e eletrodomésticos e de produtos de supermercados.
O setor sofre com o aumento do desemprego, queda nos salários reais e crédito mais restrito. Consumidores estão com orçamento mais apertado e têm optado por cortar itens da cesta e adiar compras.
Quando comparada com o mesmo mês do ano passado, a queda das vendas do comércio foi de 6,9%, informou o IBGE na manhã desta quarta-feira (14). Foi a maior queda para o mês da série histórica, iniciada em 2000.
Os números foram maiores do que a expectativa de economistas consultados pela agência internacional Bloomberg, que previam queda de 0,6% de julho para agosto e de 5,8% na comparação entre agosto de 2015 e o mesmo mês do ano anterior.
Com o número de agosto, o varejo tem queda de 1,5% no acumulado de 12 meses.
O atual ciclo do comércio ocorre após um longo período de expansão nas vendas iniciadas em 2004, sustentado pelo aumento da renda dos trabalhadores e da oferta de crédito, alem do menor desemprego.
Os resultados ruins devem afetar até mesmo as contratações de fim de ano. Segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio), o número de temporários deve ser 20% menor nos próximos três meses.
SETORES
Seis das oito atividades acompanhadas pelo IBGE do varejo restrito -que exclui automóveis e materiais de construção- tiveram que na passagem de julho para agosto, informou o instituto nesta quarta-feira.
Em agosto, as vendas de móveis e eletrodomésticos tiveram queda de 2% na comparação ao mês anterior. O setor tem sido afetado pela redução da renda da população e pela menor oferta de crédito.
As vendas de tecidos, vestuário e calçados encolheu 1,7% em agosto, na comparação a julho, apesar de o Dia dos Pais ter caído no mês. O calendário não foi suficiente, neste caso, para acelerar o setor,
Já hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, um dos setores mais importantes da pesquisa, recuou apenas 0,1% na passagem dos meses, desacelerando da queda de 1,5% do mês anterior.
Segundo Fábio Bentes, economista da CNC, o ramo pode ter sido ajudado pelo menor ritmo da inflação em agosto. O IPCA, índice oficial do país, foi de 0,22% em agosto, a menor taxa mensal deste ano.
"Isso pode ter ajudado, mas foi algo pontual do mês. Em setembro, a inflação já voltou a acelerar", disse o economista.
AMPLIADO
O IBGE também calcula as vendas do varejo ampliado, que inclui os setores de veículos e materiais de construção.
O varejo ampliado teve queda de 2% na passagem de julho para agosto, na série com ajuste sazonal.
Frente ao mesmo mês do ano passado, o varejo ampliado recuou 9,6%.
As expectativas de economistas consultados pela agência internacional Bloomberg eram de queda de 1,5% no mês e 8,6% de agosto de 2014 a agosto de 2015.