Com o consumo em queda, Brasil deve resgatar este ano a autossuficiência na produção de petróleo e gás comemorada pelo governo em 2006, mas perdida apenas dois anos depois.
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Segundo dados de comércio exterior compilados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), a balança de petróleo e derivados fechará o ano com superavit de US$ 980 milhões em 2015.
No ano passado, o deficit foi de US$ 9,66 bilhões. A diretora geral da ANP, Magda Chambriard, atribui o desempenho ao crescimento das exportações de petróleo, mas há também efeito importante da queda das importações de derivados diante da retração no consumo.
Até setembro, segundo os dados da ANP, as exportações de óleo registram alta de 51%, para 735 mil barris por dia. Já as importações de petróleo caíram 31,3%, para 271 mil barris por dia.
As importações de derivados caíram 21,3%, para 421 mil barris por dia, acompanhando a desaceleração da economia e o aumento nas vendas de etanol.
Como são mais caros, os derivados têm maior peso na balança comercial do setor.
Até o fim de setembro, o país tinha um saldo de 77,084 milhões de barris em sua balança de petróleo e derivados, o equivalente a uma média de 282,3 mil barris por dia.
A autossuficiência foi usada como mote eleitoral pelo presidente Lula em 2006, quando a Petrobras iniciava as operações da plataforma P-50, então a maior plataforma de petróleo do Brasil, no campo de Albacora Leste.
"Agora somos donos do nosso nariz", disse Lula, no programa de rádio "Café com o presidente".
Em 2008, porém, o crescimento do consumo e a estagnação na produção da Petrobras fizeram com que o Brasil voltasse à condição de importador líquido de petróleo e derivados (o que significa que comprava no exterior um volume maior do que vendia).
Durante os anos em que teve autossuficiência em termos de volumes, por exemplo, o Brasil permaneceu deficitário na balança comercial, já que exportava petróleo (mais barato) para importar combustíveis (mais caros).
Em 2015, no acumulado até setembro, a situação é diferente: de acordo com os dados da ANP, a balança de petróleo e derivados têm superávit acumulado de US$ 886,05 milhões. Até o fim do ano, deve chegar perto de US$ 1 bilhão, conforme projetou nesta terça-feira (20) a diretora-geral da ANP.
DÉFICIT DE GÁS
O maior problema, agora, está nas importações de gás natural. Segundo as estimativas da ANP, o país fechará 2015 com déficit de US$ 5,32 bilhões em compras de gás na Bolívia e sob a forma de gás natural liquefeito.
No ano passado, foram US$ 6,97 bilhões. A queda reflete os menores preços do combustível no mercado internacional.