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A agência de classificação de risco Fitch demonstrou nesta quarta-feira (28) preocupação com a piora das contas públicas do Brasil, após o governo anunciar que terá deficit primário recorde neste ano.
"A derrapada fiscal e o crescente peso da dívida do governo têm sido fonte de preocupação para nós", disse a diretora da Fitch Shelly Shetty, em comunicado.
Na terça-feira, o governo oficializou que abandonou a meta de fechar 2015 com superavit de R$ 5,8 bilhões e informou ao Congresso que sua nova previsão é encerrar o ano com um deficit primário de R$ 51,8 bilhões nas contas da União, o equivalente a 0,9% do PIB.
No texto enviado ao Congresso, a equipe econômica responsabiliza a queda da atividade econômica pelo deficit primário (receitas menos despesas, antes do pagamento de juros) neste ano. "Mais recentemente, houve uma aceleração desta queda, com a previsão se aproximando de uma contração de 3%."
A nova projeção de queda do PIB é de 2,8%, uma piora em relação à projeção feita em setembro, de retração de 2,4%.
REBAIXAMENTO
No dia 15 deste mês, a Fitch rebaixou a nota de crédito do país de "BBB" para "BBB-", com perspectiva negativa.
Agora, o Brasil está no último degrau antes do nível especulativo. A perspectiva negativa significa que a nota do país pode sofrer novo corte quando a agência revisar sua avaliação sobre o Brasil, o que poderia afastar investimentos estrangeiros no país.
Em nota, a Fitch afirmou que o rebaixamento reflete o maior endividamento do governo, além do aumento dos desafios para a consolidação fiscal e a piora da perspectiva de crescimento econômico.
"O ambiente político difícil está prejudicando o progresso da agenda legislativa do governo e criando um ciclo negativo de resposta para a economia geral", afirma o comunicado.
De acordo com a Fitch, a perspectiva negativa reflete a visão da agência de que os desempenhos econômico e fiscal ruins devem persistir enquanto a incerteza política continuar a pesar sobre a confiança geral, atrasando uma retomada do investimento e do crescimento e o risco maior para a consolidação fiscal de médio prazo necessária para a estabilização da dívida.