A poupança registrou saída líquida de R$ 3,264 bilhões em outubro, o pior resultado para o mês na série do Banco Central, iniciada em 1995. É o décimo mês seguido em que os resgates superam os depósitos na caderneta, que soma perda líquida de R$ 57,054 bilhões no ano, informou o Banco Central nesta sexta-feira (6).
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Em outubro, as retiradas totalizaram R$ 154,592 bilhões, contra R$ 151,328 bilhões de depósitos. O saldo final, que inclui o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo e a poupança rural, atingiu R$ 644,846 bilhões no mês passado -primeiro crescimento após dois meses de queda.
O mau desempenho da caderneta tem como pano de fundo um cenário de preços em persistente alta, afetando a renda disponível num momento de economia em recessão e fraqueza no mercado de trabalho.
Uma das consequências do aperto monetário foi também deixar a caderneta menos atrativa para os investidores. A poupança medida pelo SBPE é a principal fonte de financiamento imobiliário do país.
Com a Selic mais alta, aumenta a distância entre o rendimento da poupança, de 6,17% ao ano mais Taxa Referencial (TR), e aplicações cuja remuneração é baseada na Selic. Até outubro, a caderneta rendeu 6,62%, contra um IPCA (inflação oficial) de 8,52% no ano.
A sangria na caderneta também vem afetando o financiamento imobiliário, já que, pelas regras do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), 65% dos depósitos na caderneta devem ser obrigatoriamente direcionados ao crédito habitacional.
Com a escassez de recursos, vários bancos endureceram neste ano as regras para a concessão de empréstimos, entre eles a Caixa, líder no setor.
APLICADORES
Apesar da captação líquida negativa, o número de pessoas que possuem caderneta de poupança cresceu no primeiro semestre de 2015. Entre dezembro de 2014 e junho de 2015, surgiram 2,3 milhões de novos poupadores, mas o estoque de depósitos caiu R$ 15,5 bilhões.
Segundo dados do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), houve aumento na quantidade de poupadores com até R$ 100 e de pessoas com mais de R$ 300 mil em depósitos.
Em todas as faixas de contas com saldo entre R$ 100 e R$ 300 mil houve queda no número de aplicadores e no valor total dos depósitos. Nesse grupo "intermediário", houve redução de 3,3 milhões no número de investidores. Isso representou uma saída de R$ 18,3 bilhões.
Parte desses investidores migrou para aplicações com rendimento maior, como os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários, títulos emitidos por bancos para captar recursos). Em setembro, o volume investido nesses papéis cresceu pelo terceiro mês, para R$ 477,6 bilhões.