O chefe-adjunto do departamento econômico do Banco Central, Fernando Rocha, disse nesta quinta-feira, 26, que o déficit de transações correntes em outubro, de US$ 4,166 bilhões, foi o menor déficit para o mês desde o início da série histórica do Banco Central, em 2010.
"Os déficits apresentam sazonalidade e em outubro temos em geral um resultado inferior na balança comercial, por causa das exportações de produtos agropecuários que se concentram no primeiro semestre. Além disso, temos concentrações de gastos de viagens, juros, e remessas de lucros e dividendos em períodos específicos. Por isso sempre comparamos meses específicos", explicou.
De acordo com Rocha, o déficit acumulado nos primeiros dez meses do ano, de US$ 53,475 bilhões, também é o menor da série. Ele destacou que a redução do déficit este ano já passa de um terço em relação ao mesmo período do ano passado. "O resultado mostra o ajuste pelo qual o setor externo está passando este ano. Neste momento de ajustes na economia, o setor externo dá uma contribuição positiva, com menor déficit nas transações correntes", completou.
Rocha destacou que a queda decorre da redução do ritmo da economia, da alta do câmbio e da nova estrutura dos passivos externos.
Distribuição
Segundo o representante do BC, a redução de US$ 29,9 bilhões no déficit corrente ao longo dos primeiros dez meses de 2015 é distribuída em todas as rubricas principais das transações correntes. Ele destacou a virada nos resultados da balança comercial e a redução nos déficits de serviços e lucros e dividendos. "Esse ajuste nas transações correntes é bem forte e disseminado", completou.
Na conta de serviços, Rocha salientou que os déficits nas contas de viagens e transportes são os menores desde o início da série histórica do BC, de 2010. "A conta de transportes tem relação com o desempenho comercial, e a conta de viagens tem uma redução ainda mais expressiva", citou.
No caso da conta de viagens, o déficit de outubro (US$ 549 milhões) e no acumulado do ano (US$ 10,355 bilhões) são as menores da série histórica para o mês e para o período do ano.
Rocha adiantou que em novembro, até o dia 24, o déficit na conta de viagens é de US$ 424 milhões, sendo US$ 368 milhões em receitas e US$ 792 milhões em despesas. "O resultado pode ser menor que o de outubro, ou seja, a trajetória de queda no déficit de viagens continua", avaliou.
Também até o dia 24 de novembro, o déficit na conta de aluguel de equipamentos é de US$ 1,3 bilhão.
Conta de juros
O chefe-adjunto disse ainda que, como esperado pelo BC, a conta de juros permanece estável na comparação interanual, enquanto a conta de lucros e dividendos tem redução, mostrando continuidade do ajuste da conta de transações correntes.
"As causas da redução nas remessas de lucros e dividendos são as mesmas no conjunto das transações correntes: a queda na atividade econômica e a desvalorização do câmbio", explicou.
Rocha adiantou que, até 24 de novembro, a conta de juros do mês tem um saldo negativo de US$ 554 milhões, enquanto as remessas de lucros e dividendos são de US$ 629 milhões.
Novembro
O representante do Banco Central disse que a autoridade monetária espera um déficit em transações correntes de US$ 4,5 bilhões em novembro. Segundo ele, os Investimentos Diretos no País (IDP) somam US$ 3,3 bilhões até o dia 24 e o BC projeta um IDP de US$ 4,8 bilhões no mês. "Novamente os investimentos devem ser suficientes para financiar integralmente o déficit em transações correntes", destacou.
Já para o ano, Rocha avaliou que as projeções do BC para o déficit de conta corrente em 2015, de US$ 65 bilhões, podem ser revisadas para baixo.
Investimentos no exterior
Ele disse que os investimentos diretos no exterior tiveram um saldo zero em outubro, ou seja, o fluxo de saída igualou o de entrada. "É um resultado curioso, mas que se insere em um contexto de redução dos investimentos", avaliou.
Em novembro, até o dia 24, os investimentos diretos no exterior são de US$ 274 milhões. "Permanece a tendência de fluxos menores, com uma trajetória de menor intensidade", completou.