SÃO PAULO – O governo federal lançou um novo plano de cultura exportadora, através do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). O titular da pasta, Armando Monteiro Neto, defende agora a implantação de uma agência de crédito especializada em exportação.
De acordo com a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), está em negociação o desenvolvimento de linhas específicas para auxiliar as empresas apoiadas pela agência.
Isso porque vender para fora muitas vezes requer, principalmente para as pequenas empresas, investimentos para adequação de maquinário e produtos, inovação, pesquisas etc. Tudo isso encarece o processo, que, por si só, já é longo e burocrático e esbarra na ausência de um fundo financeiro específico.
“De fato a gente se ressente de não ter uma agência de financiamento para exportação”, afirmou o presidente da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), David Barioni Neto, ontem em coletiva de imprensa em São Paulo para apresentar o balanço das ações de 2015 e a agenda para 2016. Ele ressaltou que em outros países existe “o pacote completo que o Brasil não tem”. Isto é, a prestação de serviço de fomento e o crédito.
A necessidade de uma agência especializada em crédito foi defendida ontem por Monteiro também em outro evento na capital paulista. O ministro propõe a integração do Brasil a redes de acordo internacionais, mudanças na rede tarifária com as cadeias globais, maior competitividade em bens finais e condições de importar insumos.
Enquanto o projeto de fomento específico não sai, os empresários precisam recorrer a linhas de financiamento dos bancos, tanto públicos quanto privados, em que a taxa de juros pesa no bolso do empresariado. A Apex fornece atualmente, também na tentativa de minimizar o impacto, cursos, consultorias e capacitações gratuitas para estimular e otimizar o processo de exportação no País.
O Brasil, como citou o ministro Monteiro, tem um grau de introversão muito grande, um mercado doméstico importante, mas exporta apenas 10% do PIB, o que é muito pouco, levando em conta os padrões internacionais. Das 16 milhões de empresas brasileiras, somente 20 mil vendem para fora, das quais 4 mil (20%) concentram 80% das exportações. O setor que mais comercializa com o exterior, em volume, é o de agronegócio.
Em 2015, fruto dos novos projetos, a Apex-Brasil conseguiu aumentar em 14,8% o número de empresas apoiadas (12.212). Juntas, somaram US$ 55,1 bilhões, uma queda de 3,1% ante 2014, justificada pela queda do dólar e das commodities. Os principais destinos dos produtos nacionais foram China (16,2%), Estados Unidos (12,6%) e Países Baixos (5,0%).
Como parte da meta para os próximos anos, está a capacitação de 6 mil empresas lideradas por mulheres, até 2019; levar a cultura exportadora para dentro das universidades; e investir R$ 2 milhões em tecnologia assistida – o Brasil é hoje o terceiro país do mundo nesse segmento. Além disso, a Apex-Brasil está investindo em ações em redes de lojas na Ásia, Europa e África.
repórter viajou a convite da Apex-Brasil