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A queda na atividade econômica deverá impactar positivamente no custo da energia negociada a longo prazo no mercado livre, tornando-a mais barata e atraindo um número maior de empresas interessadas em adquirir energia oferecida pelas distribuidoras. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia Elétrica (Abraceel), Reginaldo Medeiros, pelo menos 700 empresas já estão migrando para o mercado livre, na busca por preços mais atrativos para a energia a ser adquirida.
De acordo com Medeiros, o preço da energia ainda pode aumentar “um pouquinho” em 2016, porque há “aumentos tarifários contratados”. “A expectativa é que, no mercado regulado, o preço se mantenha elevado. Mas no mercado livre, a perspectiva é bastante positiva, porque temos, em função da queda da atividade econômica, uma oferta que está sendo canalizada para o mercado livre. Com isso, a perspectiva é de que as empresas que ainda não foram para o mercado livre migrem para eles e, com isso, haja redução no preço da energia”, disse à Agência Brasil o representante dos comercializadores de energia elétrica.
Medeiros afirmou que a energia no mercado livre é 17% mais barata do que a adquirida no mercado regulado. Isso porque, no mercado livre, ela é adquirida a partir de contratos mais longos, de quatro anos. Segundo ele, a energia contratada nesse mercado só fica mais cara quando adquirida emergencialmente por quem não tem contrato, mas precisa do produto. Os contratos de longo prazo são feitos com o objetivo de resguardar os consumidores, de eventuais flutuações da energia que, no caso do Brasil, são muito influenciadas por questões climáticas.
“Quem migrar para o mercado livre vai se beneficiar da expectativa de preço baixo. Temos informações de que 700 empresas estão migrando, neste momento, para o mercado livre. Nas nossas contas, hoje, essa diferença do preço da energia ficará em torno de 46%". Essa comparação é feita levando em conta o preço médio da energia das dez maiores distribuidoras e o preço futuro de energia no mercado livre, projetado pela Abraceel.
Ele citou alguns efeitos positivos que a queda da produção industrial poderá trazer aos consumidores de energia. “Hoje, 60% do produto industrial brasileiro adquire energia no mercado livre. Como a atividade industrial tem caído, nossa previsão para esse ano é de 3% ou 4% de redução do consumo de energia comparativamente ao ano passado, fundamentalmente no consumo do mercado livre”, disse o presidente da Abraceel.
“É uma sobra que vai permitir que outros consumidores industriais, que ainda não foram ao mercado livre, se dirijam a ele para se beneficiar dessa sobra conjuntural de energia, em função da redução da atividade econômica e de uma hidrologia mais favorável nas regiões Sudeste e Centro-Oeste”, acrescentou.
Em relação a 2016, Medeiros prevê oportunidades para trabalhar com uma “agenda mais positiva” no sentido de construir um aprimoramento no modelo setorial “que induza as empresas a trabalhar com redução de custo”.
“A perspectiva é muito positiva para a geração distribuída [na qual os consumidores além de gerarem a própria energia elétrica, a partir de fontes renováveis, fornecem o excedente para a rede de distribuição de sua localidade]. Acreditamos que ela vai deslanchar a partir de 2016. Inclusive estamos levando uma proposta ao Ministério de Minas e Energia, no sentido de possibilitar a venda do excedente de energia elétrica, sem nenhum subsídio, para o mercado livre.”
Hoje, o que está autorizado é um sistema de compensação. “O que estamos propondo é um sistema de compensação com excedente, e que esse excedente seja vendido aos outros consumidores por meio do mercado livre”, disse Medeiros, momentos antes de se reunir, hoje (6), com o ministro interino de Minas e Energia, Luiz Eduardo Barata.