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Que a expansão da internet trouxe diversas facilidades para os usuários, ninguém duvida. Mas é importante ressaltar que o crescimento das redes de conexão se deu de forma desigual em todo o País, favorecendo uma população predominantemente moradora dos centros urbanos e com alto nível de renda.
Dados da pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Comitê Gestor da Internet (CGI), apontam que 50% das residências brasileiras contam com acesso à internet. Em números absolutos, a média já é menor do que em vários outros países, inclusive vizinhos, como Chile, Uruguai, Estados Unidos e Argentina, nos quais o acesso consegue encostar nos 80%.
Em relação ao apurado pelo CGI, entre 2014 e 2015, o número de conectados cresceu 7%, em parte porque a metodologia do estudo passou a considerar também as casas conectadas apenas com internet 3G e 4G nos telefones celulares. Essa população que faz uso exclusivo da internet móvel corresponde, atualmente, a 1 em cada 5 brasileiros.
“Desde a primeira edição da pesquisa, realizada há dez anos, era possível observar discrepâncias de acesso à internet entre os brasileiros. Precisamos problematizar não só se as pessoas têm internet, mas principalmente a qualidade e o alcance da conexão”, ressalta o coordenador da TIC, Winston Oyadomari. “Quem tem rede apenas no celular, por exemplo, tem uma conexão mais restrita a certas atividades, ou seja, não tem condições de aproveitar todo o potencial da internet”, completa.
O primeiro ponto levantado pelo coordenador é que muitas pessoas ainda não têm internet porque não conseguem pagar pelo custo do serviço. “Vemos uma clara demarcação de renda. O serviço de internet, seja banda larga fixa ou móvel, ainda é muito caro no Brasil”, comenta Oyadomari. A afirmação justifica o fato de que 2% das residências do País, concentradas principalmente nas regiões Norte e Nordeste, ainda utilizem internet discada, enquanto 96% da classe A brasileira têm internet.
Sobre a interiorização das redes, o coordenador da TIC afirma que muitas operadoras se recusam a atuar longe das zonas urbanas, e alegam não ter condições de oferecer o serviço com custo x benefício adequado para o consumidor. O resultado é um número de acessos urbanos 30% maior do que nas áreas mais afastadas do centro. “Mas o que temos observado é que quem investe em internet por rádio tem, sim, condições de atender às cidades menores”, relata.