Em um ano de intensa volatilidade no mercado, com a Selic mais alta e a inflação ultrapassando os dois dígitos, o estoque da Dívida Pública Federal (DPF) subiu 21,6% em 2015 e encerrou dezembro em R$ 2,793 trilhões, uma elevação de R$ 497,1 bilhões. Em relação a novembro, a alta foi de 2,80% em dezembro, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira, 25, pelo Tesouro Nacional.
O estoque ficou dentro do previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2015, que previa um intervalo de R$ 2,65 trilhões a R$ 2,80 trilhões. Isso só foi possível, porém, porque o Tesouro alterou o PAF em agosto. Originalmente, a previsão era de que a dívida encerrasse o ano em no máximo R$ 2,6 trilhões, valor que foi ultrapassado ainda em julho.
Com os indexadores em alta, a correção de juros no estoque da DPF somou R$ 367,674 bilhões em 2015, um aumento de 16,01%. No mês passado, essa correção foi de R$ 33,33 bilhões.
Somente a Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) fechou 2015 em R$ 2,650 trilhões, alta de 20,32%. Em dezembro, a variação foi de 2,91%. Já a Dívida Pública Federal externa (DPFe) ficou 1,33% maior no ano passado, somando R$ 142,84 bilhões (US$ 36,58 bilhões no mês passado). Em dezembro, a alta foi de 0,83%.
Os resgates da DPF somaram R$ 727,937 bilhões no ano passado. Os resgates da DPMFi totalizaram R$ 704 bilhões. Em 2015, as emissões da DPF somaram R$ 857,3 bilhões.
Composição
Depois de o Tesouro ter passado os últimos anos trabalhando para aumentar a participação de prefixados e para reduzir a de títulos mais voláteis para melhorar a gestão da dívida, a crise e as incertezas econômicas atrapalharam a trajetória esperada para 2015. No ano passado, houve uma piora na composição da dívida pública, com aumento na participação de títulos indexados à Selic.
A parcela de títulos prefixados na DPF caiu de 41,6% em 2014 para 39,4 em dezembro de 2015. O intervalo previsto no PAF era de 40,0% a 44,0%.
Os papéis atrelados à Selic aumentaram a fatia no período, de 18,7% para 22,8%. A projeção do PAF era de 17,0% a 22,0%.
Os títulos remunerados pela inflação caíram de 34,9% para 32,5% - a previsão era de 33,0% a 37,0%. Os papéis cambiais tiveram a participação ampliada de 4,9% para 5,3% - a previsão era de 4,0% a 6,0%.
O Tesouro destacou que houve emissões em volumes superiores à necessidade de financiamento, auxiliando a redução do excesso de liquidez. Também informou que foi ampliado o colchão da dívida para níveis próximos a seis meses de vencimento.