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A Petrobras deve anunciar em março o seu novo plano estratégico de negócios. Segundo o presidente da companhia, Aldemir Bendine, diante da intensa volatilidade do preço do Brent (petróleo de referência no mercado internacional), que ocorre desde o fim do ano, a empresa decidiu retardar a divulgação e fazer um ajuste mais profundo. Agora, o plano está em fase final de preparação e aprovação e deve ser anunciado com o orçamento da companhia.
Para Bendine, o cenário do preço do Brent no mercado internacional é “extremamente desafiador”, que ainda está em enorme volatilidade, mas ponderou que cabe à gestão de uma companhia de petróleo, se preparar sempre para um cenário de “absoluto estresse”. De acordo com o presidente, neste caso, se houver uma recomposição dos preços, a empresa estará em situação mais favorável, mas se, ao contrário, permanecer com o cenário de dificuldades, ele disse que a companhia terá que saber conviver com ele.
O executivo lembrou que, no começo de 2015, a empresa baseou as suas avaliações em um cenário com o petróleo a US$ 40 com o dólar equivalente a R$ 4. “Isso ocorreu no final do ano. Isso foi importante, a companhia se adaptou. A companhia tem que cada vez mais investir nas suas competências, na sua eficiência. A Petrobras fez esse dever de casa muito bem no ano de 2015 e nós vamos preparar a companhia com um Brent de US$ 30, de US$ 20, não importa. A companhia, o seu negócio é petróleo. Esse é de fato um movimento cíclico sempre em relação a preço”, disse, acrescentando que o objetivo é ter uma empresa leve e eficiente, que permita não estar sujeita a esta volatilidade que acontece em relação a preço.
Sem revelar o valor, Bendine assegurou que a empresa fechou o ano passado com um “caixa robusto”, possível de ser levado até meados de 2017, apesar do cenário adverso como o do início de 2016. “A companhia respondeu muito rapidamente a esta situação, se reprogramou em relação a isso e inclusive teve redução nos seus investimentos, até porque dentro de um quadro deste tipo, tem que ter um melhor gerenciamento dos investimentos”, analisou.
Sobre o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), o presidente disse que a empresa continua em busca de um parceiro que venha não só participar da gestão e do capital do complexo, mas que traga e carregue investimentos na conclusão do Comperj como refinaria e não como polo petroquímico. “Isso é o que está designado no último plano de negócios divulgado. Estamos revisando o novo, mas em princípio a tendência é esta que está em curso”, disse. Ele não estimou o prazo em que a situação pode ser resolvida, porque depende de entendimentos com quem se interessar.
Quanto à decisão do juiz federal João Paulo Pirôpo de Abreu, da cidade de Paulo Afonso, na Bahia que concedeu liminar suspendendo a venda da Gaspetro à empresa japonesa Mitsui Gás e Energia do Brasil (Mitsui-Gás) por R$1,93 bilhão (US$ 700 milhões), o presidente disse que a Petrobras ainda não foi notificada sobre a decisão, mas lembrou que a operação já foi concluída e a companhia recebeu os recursos. Ele completou que é preciso analisar o alcance da liminar, mas diz que não vai trazer prejuízo à empresa.
“É lógico que isso não vai trazer nenhum tipo de abalo à companhia, caso haja necessidade de reversão de negócio em um caso extremo. O valor envolvido cabe com folga dentro do caixa da companhia hoje, mas pelo que eu li na imprensa sobre a decisão judicial, ela está mais do ponto de vista do questionamento do negócio e explicar ou apresentar novos documentos sobre o processo de alienação, algo que a gente responde com extrema tranquilidade”.
A liminar concedida pelo juiz federal João Paulo Pirôpo de Abreu, da cidade de Paulo Afonso, na Bahia, suspende a venda da participação de 49% da Petrobras Gás S.A (Gaspetro) para a companhia japonesa no dia 28 de dezembro de 2015.