FINANÇAS

Caiu no rotativo do cartão de crédito? Saiba como sair dessa

Cresce o número de pessoas que, endividadas, acabam reféns do cartão. Primeira atitude deve ser reformular vida financeira

Emídia Felipe
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Emídia Felipe
Publicado em 10/02/2016 às 14:29
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Cresce o número de pessoas que, endividadas, acabam reféns do cartão. Primeira atitude deve ser reformular vida financeira - FOTO: .
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O Carnaval acabou e para quem ficou devendo no cartão de crédito a ressaca vem mais forte. O consumidor que caiu no rotativo vai ter que encarar juros altíssimos, que ultrapassam 400% ao ano. Para sair dessa, não tem receita de bolo nem mágica: é preciso contornar a dívida assim que possível e tomar providências sérias na vida financeira, alertam especialistas.

Dados do Banco Central mostram que a taxa de juros do rotativo do cartão chegou a 431,4% ao ano em dezembro do ano passado – mês em que o volume de dinheiro movimentado nessa modalidade alcançou R$ 34,4 bilhões. A cifra foi 21% maior do que a registrada em 2014. O professor de matemática financeira José Dutra Sobrinho exemplifica o peso dessas taxas em uma fatura de R$ 1.000. Se a pessoa só pagar R$ 200 e ficar devendo R$ 800, no mês seguinte, a dívida já sobe para R$ 924,48.

Se você está ajudando a engordar a conta da modalidade de crédito mais alta no País, a medida emergencial é obter um crédito mais barato, orienta o professor do Insper Ricardo Rocha. “A dívida do cartão tem que ser paga, mesmo que para isso ele busque um financiamento consignado, que é mais barato”, comenta.

Vale lembrar que o governo federal deve oficializar nos próximos dias o uso do FGTS como garantia para empréstimos consignados para quem é empregado de carteira assinada. O que Ricardo Rocha aconselha ser visto com muita cautela por parte do consumidor. “Autorizar o uso do FGTS para captar dinheiro mais fácil pode levar o consumidor que já possui dívidas a se endividar ainda mais”, afirma.

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REEDUCAÇÃO - “Não tem dica que solucione a vida financeira de ninguém. A pessoa precisa estar disposta a mudar sua relação com dinheiro”, afirma o especialista em finanças pessoais Rodrigo Azevedo, da unidade da DSOP Educação Financeira no Recife. “Não dá pra gastar, fazer farra e achar que uma dica depois do carnaval vai resolver seu problema e que a sorte vai lhe ajudar”. Rodrigo argumenta que esse tipo de endividamento dificilmente está relacionado a uma situação emergencial, mas sim a maus hábitos que levam a pessoa a estar sempre devendo e sendo alvo dos juros altos do cartão.

Ele orienta que, logo depois de sair do rotativo através de um crédito mais barato, o consumidor tem que parar de usar o cartão. “Senão você vai ter dois problemas: além da parcela do novo empréstimo, outra dívida no cartão”. Outra rotina a ser iniciada imediatamente é anotar todos os gastos – todos mesmo.

Segundo Rodrigo, isso tem que ser feito pelo menos durante um mês no ano, para que a pessoa dimensione quanto está gastando e com o quê. O registro pode ser feito em um caderno ou em um aplicativo de smartphone, desde que os gastos sejam separados por categoria, como vestuário, alimentação, lazer, transporte, etc. “Essa divisão é fundamental para que, ao fim do período, a pessoa veja quanto cada uma dessas áreas está custando a e faça um diagnóstico de onde pode cortar”. Rodrigo reforça que, na hora de reduzir os gastos, tudo conta: do cafezinho às compras no shopping.

Ele sabe que, para um devedor, não é tão fácil sair do círculo vicioso. “Sabemos que não adianta só dizer pra pessoa se organizar, porque isso tem um concorrente muito cruel, que é o prazer do consumo. O lado racional sabe que ela precisa cortar gastos, mas o emocional diz que ela ‘precisa’ desse prazer do consumo”, explica Azevedo. Ele assegura que a “dor” do corte pode ser combatida com a definição de sonhos, maior aliada nessa batalha. Para isso, é preciso definir metas para 12 meses, cinco anos e mais de 10 anos, cada uma com quanto será necessário para realizá-la e quanto por mês será necessário guardar para isso. “Esses sonhos serão a força motriz para não ceder ao apelo de gastar mais do que deve”, aconselha.

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