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'Não temos patamar de dólar', diz presidente do Banco Central

Tombini observou ainda que em meio a esse processo, ocorre uma dinâmica de substituição no setor produtivo em bens de capital

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 22/03/2016 às 15:00
Foto: Antônio Cruz Agência Brasil
Tombini observou ainda que em meio a esse processo, ocorre uma dinâmica de substituição no setor produtivo em bens de capital - FOTO: Foto: Antônio Cruz Agência Brasil
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O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira (22) a parlamentares que não existe patamar para o dólar e que a instituição não usa o câmbio para controlar a inflação. Durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senador, ele disse que a força do dólar contra as principais moedas, como vinha se observando, perdeu força. 

"Nós vimos que essa força era muito intensa. Subiu muito em 2015, estabilizou em 2016 e começa a perder um pouco de força agora", relatou. Na avaliação dele, com as sinalizações do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) de que a normalização da política monetária será mais suave, as tensões cambiais se arrefeceram.

"O dólar, como variável financeira, sofre impacto de cem número de variáveis. O segredo aqui é acreditar na taxa flutuante como primeira linha de defesa. É bom deixar ajustar porque ela acaba ajustando balanço de pagamentos. Não temos patamar de dólar. Não usamos dólar para controlar inflação", argumentou o presidente do BC. 

Tombini observou ainda que em meio a esse processo, ocorre uma dinâmica de substituição no setor produtivo em bens de capital. "Esse é um processo duradouro e consistente de substituição de importações no setor produtivo", disse. "As empresas aqui estão mais competitivas em função do ajuste e dos preços em dólar", observou. 


Proteção

O presidente do Banco Central afirmou que o objetivo das operações de swap é assegurar a estabilidade financeira, para evitar o descasamento cambial. Segundo ele, o mercado tem dito ultimamente que não precisa de tanta proteção. Tombini ressaltou ainda que o mercado sofre com outros fatores, mas não de descasamento cambial. 

"Há problemas corporativos, não estou aqui pintando um quadro cor de rosa", disse o presidente do BC, exemplificando quais variáveis afetam o mercado brasileiro

Tombini afirmou que o País tem três vezes mais reservas que swaps, fazendo com que perdas em swaps gerem três vezes mais ganhos nas reservas. "Hoje conseguimos passar por flutuações mais bruscas do câmbio", disse.

Segundo ele, o BC fez algumas reduções nas operações, mas considera o swap importante para o setor financeiro. "A percepção de que a tendência de dólar forte no mundo arrefeceu no início do ano, com a mudança de comunicação do Fed", avaliou, em referência ao Federal Reserve, o banco central norte-americano.

Tombini disse também que há ideias de todo espectro possível sobre uso das reservas internacionais, mas o momento é de resguardar "nosso colchão de liquidez, esse nosso seguro". "Não devemos mexer (nas reservas) por melhor que sejam as ideias", salientou.

 

Reancoragem de expectativas

O presidente do Banco Central afirmou ainda a reancoragem das expectativas para a inflação passa pela visão dos agentes sobre a condições de variáveis como a taxa de câmbio. Para ele, o quadro atual vai sensibilizar agentes econômicos a fazer revisões nas projeções sobre inflação.

Tombini comentou que a expectativa é de uma redução da inflação em março, ressaltando que o nível de inflação corrente é elevado, mas que no primeiro semestre é esperada uma queda de 2 pontos porcentuais na taxa. "Algo que parecia inatingível, 6,5% neste ano, está cada vez mais factível", disse.

"Na medida em que isso ocorrer de forma mais consolidada teremos oportunidade de pensar no futuro em distensão de política", avaliou o presidente do BC, destacando que, à medida que as expectativas se refluem, as projeções do BC também acompanham essa tendência.

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