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BC reconhece estouro da meta de inflação em 2016 pela primeira vez

Nova previsão vem mais alta, apesar de o BC ter a expectativa de uma inflação menor nos próximos meses, se apoiando em um processo de grande desinflação, em especial dos preços administrados

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 31/03/2016 às 10:22
Foto: Marcos Santos /USP Imagens
Nova previsão vem mais alta, apesar de o BC ter a expectativa de uma inflação menor nos próximos meses, se apoiando em um processo de grande desinflação, em especial dos preços administrados - FOTO: Foto: Marcos Santos /USP Imagens
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Pela primeira vez, o Banco Central reconheceu que a inflação deste ano vai estourar o teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (31) o IPCA de 2016 ficará em 6,6%, e não mais em 6,2% como constava do documento de dezembro, pelo cenário de referência. No cenário de mercado, a taxa projetada passou de 6,3% para 6,9%.

A nova previsão vem mais alta, apesar de o BC ter a expectativa de uma inflação menor nos próximos meses, se apoiando em um processo de grande desinflação, em especial dos preços administrados. A valorização do câmbio também tem indicado no início deste ano que pode colaborar com esse cenário. Para o primeiro trimestre do ano, o IPCA acumulado em 12 meses deve ter alta de 9,5%, segundo o RTI. No segundo, a taxa projetada pelo BC é de 8,7% e, no terceiro, de 8,0%.

No cenário de mercado, a expectativa do BC é que o IPCA de 12 meses fique em 9,5% ao final do primeiro trimestre, passe para 8,7% no segundo e atinja 8,1% no terceiro, encerrando 2016 em 6,9%. No último Relatório de Mercado Focus, a mediana das previsões do mercado para o IPCA de 2016 caiu para 7,31%. Apesar de o levantamento ter mostrado a terceira semana consecutiva de queda das estimativas dos analistas do setor privado, a taxa ainda está acima do teto da meta para o ano. 

Incertezas

O Relatório Trimestral de Inflação traz a avaliação da diretoria do Banco Central de que as atuais condições da economia brasileira "não permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização monetária". O novo documento ampliou o rol de incertezas associadas ao balanço de riscos. No relatório de dezembro, o BC destacava incertezas apenas com relação à velocidade do processo de recuperação dos resultados fiscais e à sua composição, mas agora também citou incertezas "quanto ao comportamento recente das expectativas e das taxas observadas de inflação, combinados com a presença de mecanismos de indexação na economia brasileira". Além disso, o autoridade monetária voltou a avaliar que o processo de realinhamento de preços relativos mostrou-se mais demorado e mais intenso que o previsto. E ainda acrescentou, diferentemente do documento anterior, que "remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial".

O Banco Central voltou a garantir que adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo CMN, em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017. Ainda assim, o documento admitiu pela primeira vez o estouro da meta neste ano, com um projeção de 6,6% para o IPCA no cenário de referência.

Trimestral

O Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (31) só crava o retorno da inflação para o centro da meta de 4,5% ao fim do primeiro trimestre de 2018. Essa previsão está no cenário de referência do Banco Central, já que no cenário de mercado a previsão para o período é de um IPCA de 5,0%.

Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, voltou a dizer que o trabalho do BC é o de levar a inflação para a meta ainda em 2017. Ele também disse, na ocasião, que essa tarefa não contemplava no momento redução da taxa básica de juros. Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano.

O RTI também revela que a projeção do Banco Central para o IPCA de 2017 ficará em 4,9%, e não mais em 4,8% como constava do documento de dezembro pelo cenário de referência. Pelo cenário de mercado, a taxa projetada passou de 4,9% para 5,4%. A estimativa da autoridade monetária, portanto, está próxima da meta do ano que vem, de 4,5%, que tem como teto uma taxa de 6,0%

Para o primeiro trimestre de 2017, o IPCA deve ter alta de 5,6%, segundo o RTI. No segundo, a taxa projetada pelo BC é de 5,2%, mesma taxa prevista para o terceiro, de. Todas as estimativas são do cenário de referência. No cenário de mercado, a expectativa do BC é que o IPCA fique em 6,0% ao final do primeiro trimestre, passe para 5,7% no segundo e continue nesse patamar no terceiro, encerrando o ano em 5,4%. No último Relatório de Mercado Focus, a mediana das previsões para o IPCA de 2017 estava em 6,0%.

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