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Dólar apresenta queda com pressão por definição da Ptax

Moeda também reage ao Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta pelo Banco Central

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 31/03/2016 às 11:56
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Moeda também reage ao Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta pelo Banco Central - FOTO: Foto: Fotos Públicas
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O dólar apresenta desvalorização ante o real na manhã desta quinta-feira, 31, dia de formação da última taxa Ptax do mês. Há disputa entre os investidores comprados e vendidos em contratos cambiais e com isso, às 9h55, o dólar apresentava queda de 0,46%, negociado a R$ 3,5965.

"A pressão técnica exercida por investidores comprados (alta) e vendidos (baixa) em contratos cambiais deixa o mercado instável", explica Marcos Trabbold, da B&T corretora.

Além dos fundamentos do próprio mercado cambial, o dólar também reage ao Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta pelo Banco Central. O documento mostra que o BC passou a trabalhar com premissas de Produto Interno Bruto (PIB) ainda mais baixo e inflação ainda mais alta para 2016. O relatório também reconhece, pela primeira vez, que o teto da meta não deverá ser respeitado neste ano.

As declarações dadas pela presidente do Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano), Janet Yellen, durante a semana, também continuam pressionando o dólar. Yellen sugeriu que o processo de elevação da taxa de juros será mais gradual do que o previsto pelo mercado.

O noticiário político também merece atenção. Às 11 horas o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e o professor de Direito Tributário da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Ricardo Lodi Ribeiro, indicados pelo governo, serão ouvidos pela comissão especial do impeachment. Eles devem defender Dilma Rousseff no processo que pode resultar no fim antecipado do mandato da presidente.

TAXA DE JUROS

O RTI divulgado nesta quinta-feira (31) pelo Banco Central mostra que o BC passou a trabalhar com premissas mais adversas para a economia brasileira, o que deve dividir com o noticiário político a atenção dos investidores. O documento revela expectativas piores para o Produto Interno Bruto (PIB) e para a inflação e reconhece, pela primeira vez, que o teto da meta em 2016 não deverá ser respeitado. O centro da meta (4,5%), por sua vez, só deverá ser atingido no primeiro trimestre de 2018, o que deve balizar a política de juros do BC.

O BC destaca no RTI que as atuais condições da economia brasileira "não permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização monetária". Essa declaração, associada às previsões mais adversas da inflação, contribuem para a alta dos juros. Com isso, às 10 horas, o DI para janeiro de 2018 estava em 13,58%, ante 13,46% no ajuste de quarta-feira.

"O documento afirma que as condições atuais não permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização monetária e que o BC adotará as medidas necessárias para que a inflação fique dentro dos limites estabelecidos pelo CMN este ano e convirja para o centro da meta em 2017. Essas duas condições estão sendo desobedecidas no momento", pondera o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Melo.

Embora o RTI mereça destaque neste início de quinta-feira, o mercado também permanece atento ao noticiário de Brasília. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e o professor de Direito Tributário da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Ricardo Lodi Ribeiro, indicados pelo governo, serão ouvidos pela comissão especial do impeachment a partir das 11 horas.

A movimentação do governo federal no sentido de retirar cargos de pessoas indicadas ao PMDB e repassá-los aos partidos que permanecem na base governista também é considerada nas análises do mercado financeiro. O PP e o PR já adiaram a decisão sobre a saída ou não do governo. A expectativa agora ronda o PSD, do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, que ainda não se posicionou após a decisão do PMDB de deixar a base.

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