COMBUSTÍVEIS

Petrobras discute reduzir preço dos combustíveis

Para o mercado, qualquer mudança nesse sentido, às vésperas da votação do impeachment da presidente Dilma, soaria como mais uma ingerência do governo na empresa

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 05/04/2016 às 8:15
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Para o mercado, qualquer mudança nesse sentido, às vésperas da votação do impeachment da presidente Dilma, soaria como mais uma ingerência do governo na empresa - FOTO: Foto: Diego Nigro/ JC Imagem
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As discussões em torno de uma eventual redução dos preços dos combustíveis levaram as ações da Petrobras a fecharem na segunda-feira (4), em queda de 9%. A direção da empresa acredita que há espaço para baixar o preço da gasolina e do diesel, mas, para o mercado, qualquer mudança nesse sentido, às vésperas da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, soaria como mais uma ingerência do governo na empresa.

A ideia também foi rejeitada pelo conselho de administração da companhia, que criticou a falta de discussão do assunto dentro do colegiado. Para amenizar o tom das reclamações feitas pelos conselheiros, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, encaminhou a eles um e-mail afirmando que ainda não há uma decisão final sobre a redução dos preços e que não deve haver "qualquer tipo de politização do tema".

"Estamos todos aqui, diretores e conselheiros, com o objetivo de atender única e exclusivamente os interesses da Petrobras", escreveu Bendine em mensagem a qual o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, teve acesso. 

Mas a interpretação do mercado foi diferente. Em relatório, o BTG alertou os investidores que "o timing dessa decisão pode ser gravemente mal interpretado" em meio ao processo de impeachment de Dilma. 

Tensão

"É dever dessa diretoria monitorar permanentemente a composição de todos os nossos custos e também o comportamento do mercado. São estes os fatores que norteiam nossa política de preços", diz o e-mail assinado por Bendine. A mensagem buscava reduzir a tensão com o presidente do conselho, Nelson Carvalho. A defesa, nesse caso, é por uma atuação "afinada com o mercado". "A Petrobras, em função de seu caixa, tem de maximizar o retorno com seus produtos", disse um integrante do colegiado. 

A avaliação da diretoria, entretanto, é que há margem para redução de preços em função das mudanças no câmbio e da queda nas vendas de combustíveis. Na mensagem, Bendine explicou que houve queda de quase 11% nas vendas entre janeiro e fevereiro na comparação com 2015. No último ano, a empresa já havia registrado queda de 9% nas vendas. 

O argumento é questionado por analistas. Walter de Vitto, da Tendências, lembra que a queda nas vendas é causada principalmente pela perda de renda real e pelo desemprego. "Esses fatores são mais importantes para definir o consumo e ainda devem se agravar neste ano", afirma. 

Os preços de combustíveis estão mais altos no País que no exterior desde o final de 2014, com a queda das cotações do petróleo. Cálculos da Tendências indicam que, na última semana, a gasolina estava 23,5% mais cara nas bombas brasileiras em comparação com o mercado internacional. Já o diesel custava 42,7% mais. 

A receita gerada com o cenário favorável foi usada para recuperar perdas acumuladas entre 2011 e 2014, quando o governo congelou reajustes nos preços para conter a inflação. Essa política provocou perdas de até R$ 80 bilhões no caixa da empresa. 

O consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), ressalta que a redução de preços integra um "pacote de bondades" do governo para recuperar popularidade, como a adoção de bandeira verde no setor elétrico. "O governo voltou a tratar a Petrobras como instrumento de política econômica e partidária e repete decisões populistas que já fizeram estrago no primeiro mandato", disse. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

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