A economia brasileira encolheu 0,3% no primeiro trimestre na comparação com os três últimos meses do ano passado, anunciou o IBGE ontem. Este é o quinto resultado trimestral negativo seguido, mas melhor do que o recuo de 0,8% esperado pelo mercado financeiro. Todos os setores econômicos apresentaram retração (veja arte abaixo).
Em relação a igual período do ano anterior, a queda foi bem mais intensa, de 5,4% oitavo tombo consecutivo nesta comparação. Já o resultado acumulado em 12 meses registrou variação negativa de 4,7%. Este é o pior resultado acumulado em quatro trimestres desde o início da série histórica do IBGE, em 1996. Em valores correntes, o PIB ficou em R$ 1,47 trilhão no primeiro trimestre.
Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, explicou que, a manutenção das condições da conjuntura econômica ajuda a explicar a queda de 0,3% do PIB. “Na verdade, a conjuntura está muito parecida do primeiro com o quarto trimestre. Algumas taxas vieram melhores, mas em termos do desempenho da economia está bem parecido e não tem grandes mudanças. Na agropecuária, a taxa piorou; na indústria, ficou parecida, só melhorou um pouquinho; os serviços melhoraram um pouco por comércio e transportes (...) A leitura é que o cenário é muito parecido, continua o espalhamento de taxas negativas pela economia como um todo”.
Pela ótica da oferta, agropecuária, indústria e serviços tiveram recuo tanto na comparação com o trimestre imediatamente anterior quanto em relação ao mesmo período de 2015. A atividade agropecuária registrou, respectivamente, queda de 0,3% e 3,7%; a indústria recuou 1,2% e 7,3%; e os serviços, 0,2% e 3,7%.
Apesar da queda de 7,3% da indústria, frente ao primeiro trimestre do ano passado, os serviços responderam pela maior contribuição para a queda do PIB, nessa base de comparação. Isso ocorre porque o setor de serviços tem peso de 72% na economia, contra apenas 22,7% da contribuição da indústria.
A queda de 3,7% da agropecuária, registrada frente ao primeiro trimestre, foi influenciada principalmente pela baixa da produtividade da safra da soja, cuja produção é 60% concentrada no primeiro trimestre. A expectativa de produção até cresceu, em 1,3%, mas menos que o registrado no ano passado, quando houve aumento de 12%. Além disso, houve perda de produtividade, já que a área plantada subiu 3,1%, mais que a expectativa de produção.
Pela ótica da demanda, que corresponde à soma de tudo o que é gasto, houve recuo da Força Bruta de Capital Fixo (FBCF), que indica o nível de investimentos, e do consumo das famílias nas duas comparações. A FBCF encolheu 2,7% em relação ao último trimestre do ano passado e 17,5% em um ano. Já o consumo das famílias caiu 1,7% na passagem de trimestre e 6,3% em um ano.