Os acionistas da Oi sentaram à mesa na quarta-feira (15), para começar a discutir alternativas para evitar que a companhia entre em recuperação judicial. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a pauta era discutir se aceitavam ou não a proposta feita pelos credores, sobretudo internacionais, de conceder um desconto de até 75% das dívidas da companhia (total bruto de R$ 49,3 bilhões), com uma parte convertida em ações.
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Os bancos públicos - BNDES, Banco do Brasil e Caixa - ficariam de fora, mas teriam de alongar prazos de seus recebíveis, de cerca de R$ 12 bilhões. Se a proposta for aprovada, os acionistas diluiriam ainda mais suas participações.
Os credores esperam uma resposta na sexta. Fontes ouvidas pela reportagem afirmaram que a Pharol (que reúne os acionistas portugueses) não concorda em diluir sua participação - eles sairiam de cerca de 20% para entre algo entre 5% e 10%, e tentam propor outros caminhos. Até o fechamento dessa edição, a reunião dos acionistas não tinha terminado. Segundo fontes próximas ao assunto, as conversas ainda devem continuar nos próximos dias.
A crise na Oi foi agravada na semana passada, com a renúncia do presidente Bayard Gontijo. O executivo, apurou a reportagem, teria se desentendido com parte dos acionistas porque eles não queriam aceitar a proposta da Moelis, banco contratado para representar os credores externos.
O executivo participou diretamente das negociações com os credores em Nova York, nos dias 6 e 7 deste mês. A saída dele foi recebida com surpresa pelo mercado.
Gontijo foi substituído por Marco Schroeder, que já era diretor da operadora. Na segunda-feira passada, a Oi sofreu outro revés: Robin Bienenstock, membro do conselho de administração da companhia, alinhada a Gontijo, também saiu.
A renúncia do principal executivo da Oi criou mais incertezas e colocou em xeque a reestruturação financeira em curso. Com isso, a tese de que a Oi pode ser obrigada a entrar com pedido de recuperação judicial fica cada vez mais próxima. "Há dois cenários para renegociação das dívidas: a primeira é de um acordo extrajudicial, a outra é de reestruturação em meio à recuperação judicial. Esse cenário não está descartado e coloca todos os credores na mesma fila", disse uma fonte próxima ao assunto.
Rafael Mora, dono do grupo português de mídia Ongoing e um dos acionistas da Pharol, é apontado como o "núcleo duro" dos sócios portugueses e o mais resistente à diluição. Ele tem tentado buscar outras alternativas. Procurado, Mora não retornou os pedidos de entrevista.
Volatilidade
Em meio à crise, as ações da Oi continuam voláteis. Os papéis ordinários (ON) e (PN), que na terça-feira caíram 23% e 14%, respectivamente, subiram 18,9% e 7,14% na quarta. Analistas afirmaram que os papéis variam de acordo com as especulações do dia.
Na quarta, os bônus de dívida da empresa operaram pressionados no exterior. Fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, dizem que investidores já consideram uma situação de "default" (calote). Nesta quinta, vence parcela de juros de 22,5 euros milhões referente a bônus com vencimento em 2025. No dia 26 de julho, vence outro lote de ¤ 231 milhões.
Os bônus com vencimento em 2022 operam a 12% do valor de face e os com vencimento em 2020, a 18%. Os papéis da empresa eram cotados entre 20% a 30% do valor de face há duas semanas. Eles começaram a cair diante da percepção de dificuldades nas negociações com credores. A Oi não comenta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.