Mercado financeiro

Entenda os juros zero, uma estratégia de economias desenvolvidas para atrair investidores

Para fugir da possibilidade de calote, investidores preferem apostar em países fortes, mesmo com rendimento zero ou negativo

JC Online
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Publicado em 16/06/2016 às 10:06
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Para fugir da possibilidade de calote, investidores preferem apostar em países fortes, mesmo com rendimento zero ou negativo - FOTO: Foto: Internet/reprodução
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O que faz um investidor aplicar dinheiro em títulos de países que estão oferecendo rendimento zero ou até mesmo negativo? A explicação é a aposta em economias e ativos que ofereçam credibilidade e robustez. Dentro dessa lógica, a Alemanha é considerada um verdadeiro paraíso na Europa. Na última terça-feira, os títulos de dez anos do governo alemão caíram abaixo de zero pela primeira vez na história, mas investidores cautelosos estão dispostos a aplicar lá e proteger seu dinheiro. 

Para fugir da possibilidade de calote em economias de risco, os investidores estão tentando proteger seu dinheiro buscando ativos em euro, sobretudo na Alemanha, que tem títulos considerados totalmente seguros. Pode parecer complicado, mas o mercado financeiro tem uma equação simples. Como os investidores estão buscando segurança, os bancos centrais empurram suas taxas de juros próximas de zero ou em território negativo, tendo a certeza de que haverá procura pelos títulos ainda que a remuneração não seja atrativa. 

“Os investidores estão em busca de credibilidade. Antes obter rendimento baixo ou mesmo negativo do que perder dinheiro. Os mesmos cautelosos podem investir em títulos do Tesouro brasileiro e obter rendimento de 12% ao ano, mas o País oferece alta taxa de risco e perdeu o grau de investimento. Há uma desconfiança sobre a capacidade de pagamento do País”, explica o sócio-diretor da MultinvestCapital, Osvaldo Moraes. 

O economista diz que outros países da zona do euro estão acompanhando o movimento alemão porque compartilham a mesma moeda, mas não terão o mesmo sucesso da Alemanha porque emitem dívidas independentemente. “O euro vale a mesma coisa na Itália, na Espanha e na Grécia, mas é mais seguro investir nos títulos alemães do que nos gregos”, observa. Ao longo desta semana, títulos de dez anos de países como França, Holanda, Bélgica e Áustria também caíram para zero ou ficaram negativos. 

“No Brasil, os juros estão altos graças a anomalias na economia, a exemplo da inflação que ultrapassou o teto da meta (6,5%) e alcançou dois dígitos. É o mercado financeiro agindo para controlar a inflação. No Brasil se perdeu o timing de subir e baixar os juros. Ele ficou baixo durante muito tempo e não subiu logo para conter a escalada da inflação”, afirma o sócio-diretor da Finacap, Aristides Bezerra. 

O economista também esclarece que os juros negativos são utilizados, ainda, como instrumento para estimular o crescimento da economia, a exemplo do que aconteceu na Europa e nos Estados Unidos durante a crise econômica. Os juros baixos estimulam o investimento, o consumo e o emprego. “A estratégia dos países desenvolvidos parece ter dado resultado. A economia americana voltou a crescer e o desemprego caiu”, reforça Aristides. 

 

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