Hábito alimentar

Brasil precisa diversificar consumo de feijão, diz Ibrafe

Segundo presidente do Ibrafe, o hábito do brasileiro de consumir prioritariamente feijão-carioca deixa o país e os produtores muito dependentes

JC Online
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Publicado em 26/06/2016 às 14:44
Foto: Marcello Casal Jr./ABr
Segundo presidente do Ibrafe, o hábito do brasileiro de consumir prioritariamente feijão-carioca deixa o país e os produtores muito dependentes - FOTO: Foto: Marcello Casal Jr./ABr
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O presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders, disse que é preciso construir uma política de diversificação do consumo de feijão noa país. Segundo ele, o hábito do brasileiro de consumir prioritariamente feijão-carioca deixa o país e os produtores muito dependentes. Então, quando há algum problema na safra, como ocorreu atualmente por causa da seca prolongada, há aumento do preço do produto. 

Entre 15 de maio e 15 de junho, o preço do feijão subiu 16,38%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15). O índice serve de prévia para o IPCA, que mede a inflação oficial.

Segundo Lüders, já há um entendimento dentro da cadeira sobre a diversificação dos tipos de feijão. “Se o consumidor estivesse habituado a ter uma variedade constante de feijão-branco, vermelho, rajado, caupi, por exemplo, neste momento [de aumento de preço do carioca] iria consumir mais os outros, que poderiam ser importados da China, dos Estados Unidos ou da Argentina”, disse.

De acordo com o presidente do Ibrafe, esses feijões aparecem pouco nas prateleiras dos supermercados para venda e são “gourmetizados”. “O caupi, por exemplo, foi um feijão produzido pela Embrapa, está super valorizado lá fora [no exterior] e aqui o empacotador não dá espaço para colocar na prateleira, não aparece no mercado. Dizem que é porque o consumidor brasileiro é acostumado com carioca, isso não é verdade. Brasileiro é apaixonado por feijão, se não tem carioca, ele vai variar. Mas se encontra um feijão custando duas vezes mais, acha que é um feijão gourmet. Então temos que desgourmetizar”, defendeu.

A dona de casa Lenda Maria Coelho, de 57 anos, já previa o aumento no preço do feijão. O marido dela é agricultor e sentiu os impactos da falta de chuva na lavoura, com a baixa na produção e na qualidade do feijão. “Os grãos saem pequenos e murchos e os mercados não aceitam, eles querem produtos de primeira linha”, disse à Agência Brasil, enquanto fazia compras em um supermercado de Brasília. O preço do quilo do feijão-carioca varia de R$ 7,99 a 12,9 em mercados percorridos pela reportagem. Já o feijão-preto e o fradinho não chegam a R$ 7, o quilo.

 

IMPORTAÇÃO

O governo federal autorizou a importação de feijão de alguns países, com o objetivo de reduzir o preço do produto.

A taxa de importação de feijões preto e carioquinha ficará zerada por 90 dias. Atualmente, o feijão que entra no país paga tarifa de 10%. No entanto, o produto de países do Mercosul já é isento de tarifa de importação, então, na prática, a medida estendeu a alíquota zero para países de fora do bloco econômico que produzam feijão, como a China.

“Não há outra maneira de trazer mínimo alento ao consumidor a não ser tirar todo e qualquer empecilho para importação”, disse o presidente do Ibrafe, Marcelo Lüders. Entretanto, ele ressalta que o feijão-preto é que deve ser importado, então, o preço do feijão-carioca só deve cair com a primeira colheita de feijão da safra 2016/2017, em fevereiro e março do ano que vem, caso as condições climáticas não atrapalhem o plantio.

 

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