EXPECTATIVA

Bradesco vê recuperação econômica no 2º semestre sustentada por confiança

No caso da confiança no comércio, o Índice de Expectativas (IE-COM) subiu 3,3 pontos, aos 83,6 pontos

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Publicado em 30/06/2016 às 13:16
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No caso da confiança no comércio, o Índice de Expectativas (IE-COM) subiu 3,3 pontos, aos 83,6 pontos - FOTO: Foto: VANDERLEI ALMEIDA / AFP
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A melhoria dos indicadores de confiança deve sustentar "sinais mais notáveis" de retomada da atividade econômica no segundo semestre, de acordo com o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Bradesco. Em relatório distribuído nesta quinta-feira (30) a instituição cita a melhora da confiança no setor de Serviços e no Comércio, especificamente, dois indicadores divulgados também nesta quinta pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Além de revelarem melhores expectativas dos entrevistados em junho, na comparação com maio, os dois estudos mostraram uma particularidade. A diferença recorde entre a situação atual e as expectativas futuras, o que mostra que, se por um lado o momento ainda é cercado de incertezas, por outro há maior otimismo em relação à melhoria da economia.

"Mantendo a tendência dos últimos meses, a retomada disseminada da confiança entre os diversos setores da economia sustenta a estabilização da economia que temos observado neste segundo trimestre", destaca o relatório. "Nota-se recuperação mais forte das expectativas quando comparamos com o desempenho da situação corrente. Para o segundo semestre, entendemos que teremos sinais mais notáveis do retomada da atividade econômica, reforçados pela confiança em níveis mais favoráveis", complementa o Bradesco.

A confiança do setor de Serviços subiu 1,9 ponto entre maio e junho e atingiu 72,4 pontos, no maior patamar desde junho do ano passado. Já a confiança do comércio cresceu 2,8 pontos em igual base comparativa, para 73,7 pontos, maior nível desde maio de 2015.

Em ambos os casos, o indicador foi impulsionado, sobretudo, pela melhoria das perspectivas futuras. No caso da confiança no comércio, o Índice de Expectativas (IE-COM) subiu 3,3 pontos, aos 83,6 pontos. Já o Índice da Situação Atual (ISA-COM) avançou 2,4 pontos, para 64,9 pontos. "A alta dos dois indicadores é uma boa notícia, mas a evolução novamente mais expressiva do IE-COM levou à distância recorde de 18,7 pontos entre os dois indicadores", destacou a FGV em nota.

No caso da confiança do setor de Serviços, o Índice de Expectativas (IE-S) subiu 3,0 pontos e o Índice de Situação Atual (ISA-S) subiu 1,0 ponto. Os indicadores atingiram, dessa forma, 78 pontos e 67,5 pontos, respectivamente, o que configurou uma diferença recorde de 10,5 pontos. "Ao final do primeiro semestre, ampliam-se os sinais de melhora na curva de confiança do setor de Serviços, ainda que o patamar médio dos indicadores continue muito baixo em termos históricos", ressaltou a FGV.

Nesta semana, outros indicadores também confirmaram a melhoria da confiança no Brasil. Na quarta-feira, 29, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e o Instituto Ipsos divulgaram pesquisa que mostra que a confiança identificada em pesquisa nacional cresceu de 66 pontos em maio para 70 pontos em junho. Embora ainda esteja em território negativo - o otimismo é identificado em patamares entre 100 e 200 pontos, o estudo mostra a melhoria da percepção dos brasileiros.

Na terça-feira, 28, foi a vez da divulgação da confiança da indústria. O estudo, também elaborado pela FGV, revelou alta de 4,2 pontos entre maio e junho. Aos 83,4 pontos, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) alcançou o maior patamar desde fevereiro de 2015.

Para o economista do Instituto de Economia Brasileira (Ibre) da FGV, Aloisio Campelo Jr., a melhora do ICI aumenta a chance de a produção industrial do segundo trimestre registrar crescimento em relação ao primeiro trimestre do ano, ou ao menos ficar estável. 

Segundo Campelo, 84% do aumento do ICI nos últimos três meses podem ser atribuídos a uma melhor expectativa com o futuro dos negócios. Para ele, isso tem relação direta com os desdobramentos políticos dos últimos meses, que resultaram na admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff. 

"Também vimos isso na época do (Fernando) Collor, com um avanço das expectativas logo após a sua saída", disse o economista no dia da divulgação do estudo. Todas as pesquisas divulgadas nesta semana tiveram como período de coleta o mês de junho, o primeiro mês integral de governo Michel Temer.

A semana ainda contou com outros dois importantes indicadores de confiança. O indicador voltado aos consumidores cresceu 3,4 pontos, para 71,3 pontos, no maior nível desde junho de 2015. Entre os componentes do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), o Índice de Expectativas (IE) avançou 6 pontos, aos 77,1 pontos. Já o Índice da Situação Atual (ISA) caiu 0,8 ponto, para 64,7 pontos, reforçando o menor patamar já registrado na pesquisa.

Outro indicador que contrastou com a percepção mais otimista para a economia veio da construção civil. A confiança no setor caiu 1,1 ponto entre maio e junho, para 68 pontos, pressionado pela queda de 3 pontos do Índice de Expectativas (IE), que chegou aos 74,9 pontos. Neste caso, a exceção ainda foi reforçada pelo Índice da Situação Atual (ISA), que subiu, ao contrário do que ocorreu nas expectativas. O ISA atingiu 61,7 pontos, alta de 0,8 ponto, a primeira variação positiva observada desde janeiro de 2016. 

"Possivelmente estamos vendo uma correção do excesso observado no mês passado. De todo modo, vale notar que os empresários continuam ainda mais confiantes do que estavam no início do ano. Outro ponto de destaque é a percepção de que a situação atual dos negócios deixou de piorar em junho", destacou em nota a coordenadora de Projetos da Construção da FGV/IBRE, Ana Maria Castelo.

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