Inadimplência

Consumidores pretendem adiar as compras depois de quitar dívidas

Desemprego foi apontado por 42% dos entrevistados como o principal motivo do atraso no pagamento das contas

Beatriz Albuquerque
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Beatriz Albuquerque
Publicado em 12/07/2016 às 8:00
Foto: Rafael Neddermeyer /Fotos Públicas
Desemprego foi apontado por 42% dos entrevistados como o principal motivo do atraso no pagamento das contas - FOTO: Foto: Rafael Neddermeyer /Fotos Públicas
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O número de consumidores inadimplentes que não pretendem realizar novas compras após quitar as dívidas subiu oito pontos percentuais no segundo trimestre do ano, atingindo a marca dos 84%. O resultado é da pesquisa Perfil do Consumidor Inadimplente da Boa Vista SCPC. O desemprego foi apontado como o principal motivo para o atraso no pagamento das contas.

De acordo com o economista da Boa Vista SCPC, Flávio Califi, a tendência é positiva pois revela um perfil de consumidor mais criterioso. “Os consumidores estão cautelosos. Isso é reflexo do mercado de trabalho que está muito pior que em 2015, da queda da renda e da alta dos preços. O que nos chamou a atenção é que as dívidas com contas de água e luz estão gerando inadimplência, o que indica um aperto no orçamento familiar”, avalia.

Gastos com o pagamento de contas diversas - como as de educação e saúde - seguidos das compras de itens de vestuário e calçados, são os principais causadores da inadimplência, ambos com 19% das menções dos entrevistados. Os gastos com contas de concessionárias (água, luz e gás) aparecem em terceiro lugar, com 17% das menções, o que representa um aumento de 2 p.p. em comparação ao 1º trimestre do ano.

“O controle orçamentário é o primeiro instrumento que deve ser utilizado. Então, quem está inadimplente deve entrar em contato direto com o credor para quitar o débito e, assim, conseguir melhores chances de negociação. É preciso ir para a conversa sabendo da situação financeira e expor isso ao credor para encontrar uma forma de pagar dentro da capacidade da sua renda”, orienta Califi.

Dos inadimplentes, 42% afirmam que não conseguiram pagar as contas em dia em função do desemprego, um crescimento de 11 p.p. em relação ao segundo trimestre de 2015. O segundo motivo foi o descontrole financeiro, com 24% das menções. 

Em relação ao valor devido nas contas em atraso, 34% dos inadimplentes dizem que não ultrapassa R$ 500. Para 16% deles, as contas vencidas já ultrapassam R$ 5 mil. De modo geral, considerando todas as dívidas mencionadas, o valor médio devido neste segundo trimestre de 2016 é de R$ 1,7 mil.

Quem entrou na lista dos mau pagadores não pretende crias novas dívidas. Esse é o caso da funcionária pública Maria Fabiana da Silva. Com uma renda mensal de R$ 5 mil, ela precisou cortar gastos com supérfluos, como lazer e vestuário, para tentar quitar o débito de R$ 8 mil dos cartões de crédito.“Eu tenho três cartões de crédito e usei como parte da minha renda, utilizando quase todo o limite. Parei de comprar quando não consegui mais pagar as contas em dia. Agora, com o nome sujo, estou pagando a primeira negociação”, explica.

Maria Fabiana dividiu o valor em oito parcelas e, após pagar o que deve, não pretende voltar às compras. “Não pretendo nem ter mais cartão para não correr o risco de me endividar. Aprendi que o cartão é um dinheiro virtual e não podemos contar com ele como parte da nossa renda”, afirma. 

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