O preço de aluguel residencial fechou o primeiro semestre com a maior queda dos últimos nove anos. Segundo o Índice FipeZap, o recuo médio em 11 cidades brasileiras chegou a 1,78% no período, novo recorde negativo da série iniciada em 2008. No auge do boom imobiliário, em 2011, o indicador chegou a valorizar 11,6%.
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O comportamento do mercado de locação é mais abrupto do que o de vendas de imóveis - o valor do metro quadrado registrou estabilidade nos seis primeiros meses do ano. "A locação não tem a mesma rigidez do mercado de venda. O proprietário prefere dar um desconto a pagar as despesas com IPTU e condomínio. Por isso, é psicologicamente mais fácil ajustar o preço de aluguel do que o de venda", afirma Eduardo Zylbertajn, coordenador da pesquisa.
A derrubada dos valores de locação é ainda maior se considerada a inflação dos últimos doze meses (8,84%). Nessa análise, o índice acumula uma queda real de 12,93%. A pesquisa considera apenas o valor de novos aluguéis. Portanto, difere da variação dos contratos de aluguel que estão em vigor e normalmente são reajustados pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M).
Em todas as regiões monitoradas na pesquisa houve variação menor do que a inflação nos últimos doze meses. No Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Santos, Distrito Federal e Campinas o indicador registrou queda nominal no preço médio de locação.
No acumulado do ano, o Rio de Janeiro foi a cidade que mais sentiu o recuo do preço de locação, com retração de 3,6%. Para Zylberstajn, isso é reflexo da crise financeira vivida pela cidade. "Lá atrás, o Rio de Janeiro simboliza em grande parte o sucesso brasileiro, com as promessas do pré-sal e a pacificação das favelas. Agora, esses pontos positivos estão sofrendo reversão e impactam de maneira mais forte na expectativa do consumidor", disse.
A rentabilidade do aluguel também está em baixa e atingiu em junho um resultado anualizado de 4,5%, distante da faixa de 8%, que foi o maior retorno registrado no levantamento. Para medir essa cifra, é feita uma comparação entre o preço médio de locação e o de venda de imóveis.
Distrato
O pesquisador destaca que nem só os proprietários resistem em baixar os preços de venda. Apesar dos saldões para diminuir o estoque, as incorporas são hoje mais cuidadosas nos descontos, relata.
Normalmente, as unidades de um empreendimento vão sendo vendidas ao longo do processo de construção. Se a incorporadora optar por baixar muito o preço para as últimas unidades, aumenta o risco de compradores mais antigos desistirem do negócio firmado lá atrás e partirem em busca das barganhas do momento.
A operação, conhecida no jargão do mercado como distrato, tem sido um problema frequente para as incorporadoras, que precisam negociar a devolução de um porcentual do valor que já foi pago do imóvel e colocá-lo à venda mais uma vez. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.