A Petrobras levará ao conselho de administração até o fim do mês a proposta de dividir o controle da BR Distribuidora com um sócio. A guinada na estratégia de venda de ativos fez disparar as ações da estatal, ontem, com especulação sobre possíveis investidores. A informação, associada à melhora das cotações de petróleo e da percepção de risco do País, levou analistas a compararem a Petrobras a uma "fênix que ressurge das cinzas".
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Em comunicado divulgado após o fechamento do mercado, a estatal confirmou a análise da mudança em seus órgãos de governança. "A expectativa é que o assunto seja deliberado pelo conselho de administração ainda em julho", informa a empresa. O comunicado ressalta que ainda não há definição.
Até então, a estatal analisava a proposta de venda de participação na BR, sem interferência sobre a gestão. O Estado revelou na sexta-feira que a petroleira analisa propostas dos fundos Advent, GP Investments e da trading holandesa Vitol. A venda, entretanto, só deve avançar após aval do conselho.
Pedro Parente, presidente da estatal, reforçou em entrevista à Folha de S.Paulo que não há "dogmas" no processo de desinvestimentos e que, além da BR, também a Transpetro pode ter a gestão compartilhada. "Na hipótese de a gente abrir a maior parte do controle, é com co-controle", afirmou o executivo.
A sinalização do presidente sobre a estratégia da empresa fez as ações fecharem entre as maiores altas da Bolsa , de 4,81% (preferenciais) e 3,33% (ordinárias), essas últimas cotadas acima de R$ 13. No início do ano, com a queda nas cotações internacionais de petróleo, as ações da estatal chegaram a valer menos de R$ 6 - no acumulado do ano, a valorização é de 59%.
Fênix
O resultado levou o banco suíço UBS a comparar a Petrobras a uma "fênix que renasce das cinzas", diante da previsão de preços do petróleo mais altos ao longo do ano, das mudanças na gestão e na regulação do setor. A avaliação é que a empresa será beneficiada pela retirada da obrigatoriedade de participação nas áreas do pré-sal, além de mudanças na política de conteúdo local e de tributos.
"Acreditamos que o preço do petróleo vai atingir US$ 75/barril em 2019, que mudanças regulatórias vão permitir à Petrobras tirar valor dos seus ativos e levar a uma melhora da percepção de risco e que a diretoria vai colocar a companhia de volta aos eixos", diz o documento. O banco considera que as ações da estatal podem chegar a R$ 18 neste ano.
Para o analista Flávio Conde, da consultoria What’sCall, a perspectiva de valorização depende dos preços de petróleo. "A perspectiva é melhor do que há seis meses porque há confiança na equipe econômica e no Pedro Parente", ponderou.
O UBS também reconhece que ainda há incertezas na estatal, como a instabilidade política, as ações judiciais movidas nos EUA e a falta de urgência nas decisões sobre o endividamento. No entanto, os analistas destacam que a Petrobras vem cortando investimentos e mantendo preços de combustíveis com um prêmio em relação ao mercado internacional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.