A confiança do consumidor parou de piorar, mas ainda se encontra em níveis muito baixos, o que revela a forte preocupação da população com o desemprego e a inflação, apesar das mudanças no cenário político.
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Esse resultado apareceu em dois indicadores de confiança apurados pelo instituto de pesquisas Ipsos para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Em julho, o índice de confiança do consumidor no Estado de São Paulo atingiu 69 pontos e avançou, em apenas um único mês, quatro pontos em relação a junho. Foi a terceira alta mensal consecutiva. Já o índice nacional de confiança do consumidor ficou em 68 pontos em julho, com recuo de dois pontos ante junho, mas dentro da margem de erro, que é de três pontos.
Para o diretor do Instituto de Economia da ACSP, Marcel Solimeo, apesar dos sentidos opostos, os resultados dos dois indicadores revelam que as expectativas pararam de piorar, mas ainda não é possível afirmar que esteja ocorrendo uma recuperação. É que os dois indicadores estão em níveis ainda muito baixos e dentro do intervalo de pessimismo. O índice de confiança varia entre zero e 200 e, abaixo de 100, está na zona negativa.
"A confiança dos paulistas, que desde de janeiro estava abaixo do índice nacional, em julho voltou a superá-lo", observa o economista. Ele explica que, como o Estado de São Paulo foi um dos mais afetados pela crise por causa da forte presença da indústria na economia, isso se refletiu no índice de confiança.
Além disso, ele explica, como o Estado reúne uma grande parcela da população de maior renda, que normalmente é mais informada. A confiança vinha diminuindo desde janeiro. Mas com a mudança no quadro político, o indicador paulista melhorou a partir de maio. "As expectativas em relação à política pesam para as classes A/B, que têm forte presença no Estado."
Já o resultado do índice de confiança nacional de julho é interpretado por Solimeo como estabilidade. Ele atribui essa parada técnica na recuperação que o indicador teve em maio e junho ao avanço da inflação dos alimentos, especialmente de feijão, arroz e leite. Outro fator que afetou a confiança foi o desemprego elevado.
Solimeo destaca que o que influenciou o resultado foi a forte retração na confiança da classe C, que representa cerca de 50% da população e que registrou a maior retração no índice entre as classes sociais. É que esse estrato é muito suscetível à inflação e ao desemprego. Um dado que chama atenção é que a confiança das classes D/E foi a única que cresceu, segundo Solimeo, influenciada pelo reajuste no Bolsa Família.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.