O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Carlos Hamilton, disse na tarde desta quarta-feira (17) que a principal variável que levou o governo a elevar de 1,2% para 1,6% a projeção para o PIB de 2017 é a taxa de investimento.
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Ele não detalhou, no entanto, a provisão da Fazenda para a formação bruta de capital fixo no próximo ano. "O maior driver da mudança da previsão para PIB de 2017 é o investimento", afirmou. "O carry over de 2016 para 2017 é um pouco acima de zero", completou.
Novamente questionado sobre a diferença entre a estimativa de alta 1,6% do PIB em 2017 e a projeção de mercado de 1,1%, Hamilton respondeu que não necessariamente os agentes estão vendo algo diferente do governo.
"Qualitativamente, estamos vendo a economia da mesma forma que os participantes do mercado. Podemos ter um segundo semestre de 2017 um pouco melhor que a primeira metade do próximo ano", avaliou.
Hamilton confirmou que o governo utilizará a fórmula da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto de gastos na confecção do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2017 que será enviado ao Congresso até o dia 31 deste mês.
Com isso, as despesas estarão limitadas a uma expansão de 7,2%, que é a projeção da Fazenda para a inflação medida pelo IPCA em 2016. "Pode ser que o crescimento global das despesas não seja exatamente 7,2%, deve ser um pouco menor", afirmou.
Hamilton disse estar tranquilo com a nova projeção de alta do PIB para 2017, distante ainda do previsto pelo mercado no boletim Focus do Banco Central, que prevê uma alta de 1,1%. "Estamos convictos de que nossas projeções são bem realistas e estamos confortáveis com a nossa previsão de crescimento do PIB de 1,6% no ano que vem", alegou. "É possível que haja revisões para cima feitas pelo mercado para o PIB", completou.
Para o secretário, a nova projeção da Fazenda considera expansão média mais modesta do que as registradas em outros períodos de saída de recessão, como 2003 e 2010. "Estamos com uma taxa média de crescimento para 2017 inferior à metade da observada nas duas últimas recuperações. A taxa esperada para os seis trimestres seguintes é inferior à metade da vista após os dois períodos recessivos passados", argumentou.
Confrontado se o governo não estaria inflando as projeções para dizer que conseguirá fechar as contas, Hamilton evitou comparações com governos anteriores - apesar de ter sido integrante da diretoria do Banco Central na última década. "Não posso comentar o que o ministro (Guido) Mantega fazia, porque eu não estava aqui", limitou-se a responder.
Recuperação 'achatada'
O secretário não respondeu se uma recuperação mais lenta do PIB em 2017 do que o verificado na saída de outras recessões também implicará em um crescimento menor da arrecadação e do emprego a partir do próximo ano. "Estamos considerando uma taxa de crescimento mais modesta do que em outras recuperações, mas isso pode ser revisto para cima. Então isso não implica que a taxa de crescimento vai ser menor, o futuro vai dizer. O cenário contempla uma recuperação 'mais achatada' do que foi em outros ciclos", alegou.
Para que esse crescimento seja sustentável e com estabilidade de preços, avaliou, é necessário controlar a despesa pública. Por isso, ele voltou a dizer que o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2017 "obedece as diretivas" da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto de gastos, que limita a expansão das despesas do governo federal à inflação deste ano.
"Não temos outra alternativa a não ser controlar o aumento da despesa pública. Manter uma porta aberta para o gasto público é a maior ameaça para o crescimento econômico", enfatizou.